Mais comum do que parece, a prática do incesto agride, viola o direito ao respeito e traumatiza os envolvidos, desestruturando a família.
O incesto, todavia, não é questão individual, mas de toda família. Ela é uma organização que busca um sentido e uma forma próprios. Com regras, proibições, preferências e relações internas e externas definidas pelo próprio grupo.
Em uma família incestuosa, não acontece os limites necessários entre as intimidades entre pais e filhos, irmãos entre irmãos, cunhados, avôs ou qualquer pessoa próxima. Há uma inversão de papeis, sendo tudo muito confuso. Quando o incesto realmente acontece, a noção do que é proibido mescla-se com o que é permitido e os parâmetros que regem as regras familiares tornam-se inexistentes ou frágeis. Em consequência, o toque ou a manifestação de carinho do familiar incestuoso passa a ser sentido como um toque sensual, provocante, que traz em si uma carga de eroticidade que a criança não possui condições de absorver em seu psiquismo.
A criança vítima destes atos percebe que algo está errado, mas deixa de distinguir claramente o que é permitido e o que não é.
Há umclima de segredo que sempre acompanha o incesto. Tanto a criança ou adolescente sentem –se impedidos de violar, reprimindo sua reação. O adulto se aproxima de forma sedutora ou violenta, propondo uma relação que os familiares não podem saber o que está acontecendo. Só ocorre quando ninguém está em casa, à noite ou de forma furtiva.
O adulto provoca sentimento de culpa na vítima, responsabilizando-a se algo acontecer a ele ou a família tipo: separações, perda do amor, que sua atitude cairia em descrença, o que muitas vezes acontece, quando a criança se queixa de algo, é tida como mentirosa e criativa. Há uma troca de responsabilidades entre vítima e algoz. A vítima passa a se sentir culpada pela ocorrência do ato incestuoso.
O segredo do incesto é poroso, ou seja, a família, de forma consciente ou inconsciente, sabe que ele ocorre, embora todos tentem negá-lo. Em muitos casos, a manutenção do segredo pode servir como uma saída para ocultar conflitos familiares, tais como as dificuldades do casal na esfera sexual.
A criança ou o adolescente, fornecem inúmeros sinais de que algo ruim está acontecendo, como por exemplo: a depressão, a masturbação excessiva, distúrbios alimentares e do sono, baixo rendimento escolar, baixa autoestima, evitação de ficar com algum adulto sozinho, mesmo que este adulto possa ser o de maior confiança da família.
Nossa obrigação como adultos é proteger os filhos e o pior é que as vezes as violências acontecem sob nossos olhos. São lobos vestidos de cordeiros e confundem o psiquismo das crianças, permanecendo traumas para toda vida.
Enfim, cabe à família proteger seus membros, favorecendo os limites e a saúde mental de seus filhos.