Depois de meses vivendo num clima de tensão pré-eleitoral, finalmente a calmaria. Nessa eleição, boa parte das pessoas resolveu não apenas expor seus candidatos favoritos, mas também defendê-los de maneira ferrenha, como se espera de qualquer militante, porém sem possuir, muitas vezes, um vínculo com o partido escolhido. Como não somos efetivamente educados para conseguir conviver com aqueles que pensam diferentes de nós, o resultado foi que algumas amizades ficaram um tanto desgastadas pelos posicionamentos políticos. Todavia, com a divulgação do resultado do segundo turno, encerrou-se a discussão. Gostando ou não dos eleitos, serão eles que assumirão em 2019. Quanto a nós, reles eleitores, sobra a ingrata tarefa de vagar pelos escombros de nossas vidas sociais; juntando cacos de relacionamentos, com o intuito de reconstruir amizades. Alguns podem até argumentar que, durante a campanha, fizeram novos amigos. Espero que não estejam confundindo amigos com aliados. Para aqueles que desejam aproveitar essa semana para reatar os laços, seria prudente evitar qualquer menção ao pleito, ou outros elementos que marcaram essas eleições.
– Como foi seu fim de semana?
Esqueça o último domingo. Foi o ápice do fanatismo; os últimos momentos de campanha pra encher o saco dos outros. Você não vai querer ouvir alguém se gabando de quantos foguetes soltou; ou, ao contrário, alguém lamentando a desinformação das pessoas, que desconhecem as trinta e duas teorias da conspiração que esse recebeu pelo whatsapp, apenas antes do almoço.
– O que você vai querer ganhar de Natal?
Também não é uma boa idéia. Presentes costumam ser escolhidos com base na possibilidade de serem usados. Enquanto uns vão dizer que querem uma nove milímetros que combine com a cinta, outros dirão que desejam um colete à prova de balas. Aí já sabe pra que lado essa conversa vai enveredar.
– Viu como está nos Estados Unidos?
Discutir geopolítica também pode ser evitado. Além do Tio Sam, Cuba e Venezuela devem ser esquecidos por hora. Tem outros países no mapa mundi se quiserem conversar sobre geografia. No caso de destinos internos, Curitiba e Rio de Janeiro estão nessa lista.
– Viu o preço do gás?
Pois é, se querem falar sobre inflação e martelar o Temer – o que agrada a maioria em ambos os lados – usem como exemplo outros itens.
– Quer um pouco de leite?
Finja ser intolerante à lactose e não fale sobre isso. Aproveite e esqueça também dos doces de Pelotas.
– Vai parcelar?
Evite fracionamentos, seja sobre o que for.
Por fim, quando o amigo comentar sobre alguma situação com o qual não se conforma, deixe assim. Nada de sugerir que se acostume…