Causos de peixes, ou não

-Seu Etelvino, conta pra gente uma história de pescaria.

– Meu filho; quando conto essa história, ninguém acredita, mas é a pura verdade.

Antigamente, quando eu tinha uns 17 anos, mais ou menos, fui pescar de caíque com meu primo Irajá. No meio do rio, enquanto arrumávamos as tralhas, acabei me desequilibrando e caí na água. Na época não sabia nadar; se bem que até hoje não sei. Enfim; comecei a me debater, tentando não me afogar.

Com muito custo, o Irajá me agarrou e puxou pro barco. Aí vimos uns peixes graúdos virem à tona, uns sete ou dez, boiando, já mortos. No desespero, enquanto estava na água, acabei dando chute, soco, joelhada e cotovelada neles. Dois até estavam com o olho roxo. O pessoal pensa que é mentira, mas se o Irajá estivesse vivo aqui, ele confirmaria…

– Certo seu Etelvino. Agora vamos ouvir o nosso amigo Donato.

– Eu não fico correndo perigo pra conseguir peixe. Sempre usei de inteligência. Criei um método de pescar trairão que é um sucesso. Uso pra isso sardinhas enlatadas. E nem preciso abrir a lata pra pegar as traíras.

– O senhor usa latas de sardinha fechadas como iscas pra pegar trairão?

– Não, meu rapaz. As latas eu jogo apenas como incentivo. No anzol, como isca, eu prendo um abridor de latas. Quando as traíras pegam o abridor, eu as fisgo. Entendeu?

– Hã. Entendi. Ok. Vamos deixar o Tibúrcio contar o seu “causo” de pescaria.

– Bueno! Por azar, nunca fui de ficar tratando mosquito em beira de açude. Mas já que perguntaram, vou falar de uma vez que resolveram dá um fim num açude antigo, que ficava perto da divisa da fazenda, no lado da estrada. Os mais velhos não tinham certeza se lá ainda tinha peixe, mas, todo caso, fomos secar o tal açude. Pra encurtar a história, depois que a água baixou, tivemos que usar o trator pra tirar o que tava lá dentro.
– Então deu muito peixe?

– Peixe não tinha nenhum, mas achamos um carro.

– Mas aí não vale; seu Tibúrcio. Queremos ouvir história de pescaria. Um carro não conta.

– Má Chê! Como que não conta como pescaria? Era um Simca Chambord 1960, conhecido como “rabo-de-peixe”…

– Tá bom, tá bom. Enquanto os jurados dão as suas notas, nós vamos para um rápido intervalo. Daqui a pouco voltaremos com a próxima etapa do concurso, cujo assunto será “caçada”, diretamente de Nova Bréscia para todos nossos ouvintes.

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