As dificuldades costumam unir as pessoas, diminuindo as diferenças em torno de objetivos comuns. Assim foi nas grandes guerras. Povos dizimados, com fome e frio, não têm outra alternativa a não ser darem as mãos. É o natural instinto de sobrevivência.
Talvez a seca e tudo o que ela acarreta explique porque o nordeste seja muito mais unido pelas suas causas do que o restante do país. Vejam no Congresso Nacional. As divergências entre democratas, tucanos, petistas, evangélicos, católicos ou ateus ficam minimizadas quando há interesse em benefícios para a região. Claro que elas existem, mas ficam diminuídas. Um exemplo prático foi a articulação liderada pelo falecido senador ACM para que a Bahia fosse o destino da Ford, quando a empresa decidiu abortar o projeto Guaíba.
Aqui não. Nem no estado, vale ou município. A tão lembrada e saudada Revolução Farroupilha não nos ensinou muita coisa. Vivemos uma constante queda de braço, onde cada um puxa para um lado. Se os mesmos caminhos inexoravelmente nos levam aos mesmos lugares, ficamos parados no mesmo ponto.
Montenegro deveria liderar o desenvolvimento do Vale do Caí. É o maior município, em população e dados econômicos. Tem a obrigação de ser protagonista. Mas historicamente tem sido um mero e invisível coadjuvante, daqueles em que a gente sai do cinema e sequer lembra o nome. E assim o vale segue sem representantes na Assembleia e na Câmara Federal.
Mas surge uma alternativa que pode solucionar forçosamente o problema. Um dos pontos em discussão nos projetos de reforma política é o voto distrital misto. Em suma, votaríamos duas vezes. Uma na lista dos partidos e a outra em candidatos distribuídos por regiões. Candidatos locais disputariam uma eleição para deputado onde os mais votados seriam eleitos. Se não conseguimos nos unir por consciência, que seja pela lei. E que nos sirva de exemplo e cause vergonha, pela nossa absoluta incapacidade de colocar o coletivo acima do pessoal.