Verdade ou consequência

Não sei se ainda existe, mas na minha adolescência havia um jogo chamado “verdade ou consequência”. Pelo que lembro, era mais ou menos assim: sentados em uma roda, alguém girava uma garrafa que apontava uma pessoa para perguntar e outra para responder. Escolhendo “verdade”, tinha que responder com sinceridade a questão feita pelo outro sacana. “Consequência”, implicava pagar uma “prenda” qualquer, como em uma gincana. Acho que era mais ou menos isso. Fato é que ali se revelavam histórias engraçadas, fatos curiosos, mas a premissa era dizer a verdade.
Lembrei desse jogo quando comecei a pensar em como será a campanha para o governo do Estado no ano que vem. Tudo já foi dito sobre a crise das finanças gaúchas. Todos os principais partidos participaram de alguma forma do governo nos últimos 20 anos. E muito pouco se fez. O pouco que se faz ainda costuma ser jogado na lata do lixo pelo sucessor que invariavelmente é de outra corrente partidária.
Mas 2018 já está batendo na porta. Não faltarão candidatos, nem promessas. Só que desta vez, vai ser difícil fugir do “verdade ou consequência” de eleitores, adversários e imprensa. Os clichês mais habituais, “vamos priorizar saúde”, “lugar de criança é na escola” e “teremos mais policiais nas ruas” não ficarão sem resposta. Ou melhor, sem outras perguntas. De onde virão os recursos?
Não há mais o mínimo espaço nem paciência para respostas evasivas, falaciosas e propostas inexequíveis. A dificuldade é imensa para garantir o básico e cumprir com as obrigações constitucionais. O paciente está na UTI e não há perspectiva de melhora. Então qual o remédio? Otto Von Bismarck teria dito que “nunca se mente tanto como depois das caçadas, durante as guerras e antes das eleições”. Mas acho que desta vez, aqui vai ser diferente. Quem sabe teremos a campanha mais verdadeira da história? Diante desse quadro tão negativo nas finanças gaúchas, ao menos isso nós merecemos. Temos esse direito.Tal qual um parente próximo de alguém muito enfermo. A verdade. Doa a quem doer. Ainda que custe a perda de votos, que assim seja.

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