Mesversário

A moda agora é o mesversário. Isso mesmo. Como o nome sugere, ao invés de comemorar aniversário uma vez, agora são 12 vezes por ano. 12 parabéns. Por enquanto, apenas para crianças. E presumo que isso não deva mudar, afinal, quem vai querer contar mais tempo quando começa a sentir-se velho? Começou com pais babões postando nas redes sociais a cada novo mês de vida dos bebês. O mercado, muito “experto”, já percebeu a tendência e aproveita para faturar. Decorações, lanchinhos, etc. Quem diria, o mesversário gera emprego e renda.

Confesso que sempre achei uma bobagem. Demasiado. Modinha. Por que razão apagar velinhas e comer bolo a cada 30 dias de vida? Ok, todo pai acha seu filho o mais bonito e especial, mas fazer disso uma festa todo mês? A cada 4 semanas, texto, foto e post com declarações de amor incondicional? Pra que tanto?

Aí veio a Antônia. E, junto com ela, as comemorações. Porque quando nasce um filho, a gente começa a comemorar tudo. O primeiro colo, o primeiro banho, a primeira mamada… “Nasceu um dente”. “Engatinhou”. “Ficou de pé”. Cada passo dado vira uma conquista da gente. Vibramos intensamente por coisas cotidianas. Valorizamos uma noite de 6 horas, um prato vazio, uma fralda cheia. Sim, porque para os pais, até o cocô vira celebração… Se a felicidade está nas coisas mais simples, creio que os filhos nos fazem entender melhor que esta não é apenas uma frase pronta. Os filhos nos traduzem os clichês.

Compreendi então que mesversário nada mais é que uma típica invencionice de pais. Não me surpreendo se logo surgirem “semanaversários” ou “diaversários”. Eles crescem em uma velocidade impossível de acompanhar com o tempo que gostaríamos. Acabamos por supervalorizar cada instante. E sempre parece pouco.

Naturalmente, me rendi ao mesversário. Mudei de ideia. Ainda que continue achando um tanto bobo e exagerado,apenas aceitei que quando nasce um filho, exageros e bobices brotam junto. Ao mesmo tempo. E o pior, é uma delícia.

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