Domingo de páscoa. Casa cheia, mesa rodeada por familiares e amigos, crianças correndo e gritando, fazendo suas caças aos ovos de chocolates e guloseimas. Em um canto da casa, mulheres conversando sobre a correria do dia-a-dia, do preparo do almoço de domingo. Do outro lado, os homens, com chimarrão na mão, tecendo comentários sobre o gauchão, a vida corrida, as atividades feitas, os projetos para a semana. Imaginou a cena? Linda e importante, não é? Afinal, o que somos sem família e amigos.
Mas também teve celebração de Páscoa diferente. Aquelas em hospitais e casas de repousos. Neste último caso, os idosos celebraram com seus colegas de lar. Poucos foram para os lares de origem. Alguns tiveram a oportunidade de, ainda, estarem com filhos, netos… E sabe por que isso aconteceu? Vivemos a era do imediatismo, do “tudo para ontem”. Da correria diária que não nos permite, sequer, olhar um por do sol com mais cuidado. Da falta de tempo para quem um dia, teve muito tempo para nós. E quando estamos juntos, amigos e familiares, ainda disputamos atenção com telefones e tablets. Antes, era a TV. Agora, um aplicativo que aproxima quem está longe, mas distancia quem está perto. Alguns especialistas em relações humanas, comentam que este imediatismo é fator principal do afastamentos das pessoas. Hoje, tudo é combinado por aplicativo.
Desde uma ida ao supermercado, até uma consulta médica. O que a gente não se deu conta, ainda, é que precisamos do outro, fisicamente, para ter um diálogo saudável. Mas esse processo de tudo ser mais rápido, mais ágil acabou nos afastando de quem amamos e devemos priorizar.
Com as crianças, entregamos os celulares para que fiquem quietas. Contudo, elas precisam do processo da brincadeira para criarem coisas novas. E não sou eu quem digo isso. São especialistas em desenvolvimento infantil que apontam que estamos fadando nossos pequenos a apenas reproduzir, nunca criar algo. Com os filhos, temos o grupo da família, e ali, falamos sobre tudo, combinamos almoços, que serão sempre acompanhados por celulares à mesa. Compartilhamos memes, frases de internet… Mas esquecemos de dizer o principal, olho no olho, que os amamos. Que são tão importantes para nós, quanto nosso celular, que antes usávamos apenas para ligações e, agora, utilizamos para tudo. Na mesa, por exemplo, eles têm lugar cativo ao lado dos talheres.
Com nossas esposas, ou maridos, as conversas mais difíceis, estão sendo terceirizadas. Aquelas, que precisam ser olho no olho, estão acontecendo por ali. E ai, nos distanciamos ainda mais, daqueles que assumimos dividir nossas vidas.
Dificil encarar a realidade não é?! Mas ela está matando nossas relações. Diminuindo nosso tempo com a família, evitando o contato físico com as pessoas, os amigos… E só nos damos conta quando chegamos em datas festivas, como a Páscoa, tempo de renovar nossa fé, nosso cuidado com a família. Então, se você puder, faça um pequeno exercício: no próximo domingo, organize um almoço, celebre a família e deixe o celular guardado em uma gaveta.