Ao nascemos encontramos o mundo em processo, cuja a dinâmica é hierarquizada, desequilibrada, quase fatalista e semi determinista.
A infra estrutura humana, natural aparentemente, é feita para manter o status social. Caberia ao estado afrouxar o dinamismo social, levando a maior flexibilidade aos setores da sociedade. Mas a estrutura estatal é uma organização humana imperfeita, insuficiente, capaz de gerar um determinismo latente.
O estado é um instrumento organizacional, incapaz de instrumentalizar a todos, proporcionando acelerada mobilidade social. Única e imperfeita, a estrutura estatal é insubstituível, porém insuficiente. Passando para o indivíduo isolado a responsabilidade de criar riquezas.
Questionamos que o homem nasce desigual por natureza ou encontra no planeta terra uma estrutura organizacional capenga e injusta?
O que costumamos perceber é uma consistente hierarquização imodificável por instrumento humano. A tendência à permanência hierarquizada, sem querer ser dogmático, para eternizar no tempo.
Com mudanças superficiais, a democracia gera tênues investidas no quadro social. A pobreza permanece e a riqueza prospera. Deste quadro, surge uma sociedade extremamente desnivelada.
Para nós, a infraestrutura humana é imodificável e sem alternância de soluções. Cabe, então, termos um novo pobre. Os pobres de antigamente eram pobres não só de dinheiro, era de tudo. O pobre do pretérito era conformista, desambicioso e realista.
O pobre de hoje deverá ser ambicioso e sonhador. A modificação do indivíduo pobre, por dentro, é melhor e mais eficiente do que qualquer estratégia macroeconômica.
Cabe ao indivíduo pobre libertar da pobreza, e, para isso, tem que ter poder de barganha, e para ter poder de barganha, tem que instrumentalizar, e para instrumentalizar, tem que sonhar.
É da índole humana o dom de sonhar. Por isso, não deve ser exclusividade da classe rica. Os ricos deverão dar este direito aos pobres. Uma sociedade desinquieta é naturalmente evolutiva.
O mundo de antigamente era uma forma, hoje é um mundo com leques de oportunidades. A vida não é um fato consumado, e você, indivíduo pobre, também deve fabricar suas próprias armas para enfrentar o mundo humano. Se não, cabe lutar para ter seu arsenal de sobrevivência salvadora.
Antigamente o pobre deixava para seus descendentes apenas uma nova geladeira, hoje, deve deixar o legado, que, dentro da vida humana, podemos evoluir, basta não submeter aos fatos, mas aos sonhos.
A libertação da pobreza é um problema exclusivamente do indivíduo, pobre. Para isso, precisa inserir no seu interior, uma vasta filosofia de vida, cheia de garra e sonhos para ascender o degrau de cima.
Juarez Alvarenga
Advogado e escritor