“As virtudes podem servir como meios para fins criminosos. A Máfia era altamente eficiente, o Comando Vermelho é eficiente. Eficiência não é uma virtude?” Estas frases pinçadas do vídeo da palestra “Vontade: poder transformador.” da professora Lúcia Helena Galvão, provocam reflexão.
Ela vai adiante: “Os homens de bem estão sendo educados para serem débeis, não têm determinação, nem organização, não têm canalização de uma vida idealista…são seguidores da lei do menor esforço.”
“Tem alguma possibilidade de quando você for comprar drogas o traficante não lhe atender porque está ao celular?”, pergunta a professora. No entanto, é comum o mau atendimento e o descaso com clientes nas empresas e no serviço público sem que haja preocupação em corrigir este vício.
Bandidos percebem as oportunidades, agem rápido, adaptam-se ao mercado, assumem grande riscos. Suas atividades são estimulantes, há reconhecimento das ousadias pelos seus pares, há status. Bandidos gozam de liberdade para agir e tomar suas decisões, “trabalham” quando querem, não estão presos a escritórios, horários e relatórios. Mas têm que ser altamente eficientes, ou o preço pode ser a vida. Bandidos são empreendedores. Bandidos não pagam impostos.
Os bandidos mais bem sucedidos até são pagos por nós, com direito a mordomias e penduricalhos. Recebem altos salários, trabalham pouco, são famosos. Não precisam ter conhecimento técnico ou estudo, nos roubam descaradamente e, se forem pegos, são julgados por seus pares. Nós os admiramos e defendemos, queremos ser como eles. Os escolhemos. Temos que reconhecer, eles merecem tudo isso. Trabalharam com incrível eficácia para tornar suas atividades altamente lucrativas e criaram um sistema de autoproteção invejável. Ser bandido é nosso maior case de sucesso.
O empreendedor honesto também tem determinação, sonho de prosperidade e liberdade. Busca eficiência, tem coragem, ousadia, está atento às oportunidades e corre riscos.
Exatamente como o bandido. Porém o empreendedor honesto tem que trabalhar muito. Nos primeiros anos do seu negócio, de 12 a 16 horas por dia, correndo risco de quebrar e acabar com sua vida. O empreendedor tem que conviver com boa parte de sua força de trabalho comodista, sem comprometimento e adepta da lei do menor esforço. E para o empreendedor honesto tem o Estado com sua malhas burocráticas. Este Estado criador de impostos excessivos, eficiente nas cobranças e para as contrapartidas, se vale da lei do menor esforço.
O Estado não consegue acabar com os negócios dos bandidos. O estado não consegue proteger seus cidadãos decentemente. Não consegue educar uma força de trabalho eficiente, honesta e empreendedora. O Estado prende o empreendedor. O Estado solta o bandido. O Estado estimula a falta de valores morais dos bandidos. O Estado abriga bandidos. O Estado é sócio investidor da bandidagem.