Estúpida perda de ttempo

A discussão de ideias sempre foi  a atividade preferida de sábios e curiosos que se digladiam com verbo afiado, visando o engrandecimento mútuo. Um bom argumentador e pensador, mesmo de vertente contrária, é reconhecido como um bom oponente. Os prêmios: mais conhecimento, mais questionamentos, mais descobertas, aprimoramento da capacidade argumentativa. Discute-se com quem se admira e respeita. Não há inimigo, há oponente. 
E tem o bate-boca.
Nele discute-se com inimigos numa infame perda de tempo a pregar para convertidos, visando parecer mais culto, ganhar a discussão e jamais admitir um ponto de vista torto, uma incoerência ou um viés inédito. A discussão vira briga e onde antes havia o respeito, há a ofensa. Pessoas com baixa auto-estima tendem a humilhar os outros.
Hoje temos mais conhecimento que os gregos e estamos mais burros. A vaidade com mídia farta escancarou as bocas e colocou os cérebros em meia fase. Fala-se e escreve-se sem saber, sem pensar, sem perguntar. Responde-se sem responder, sem argumentar, sem estimular.
Apela-se para o ataque ad hominem pois não há conteúdo para construir argumentos nem boa vontade para ouvi-los. 
Nunca leu nada sobre o assunto? Nunca deu uma olhada nos conceitos, no histórico, na teoria? Está tirando a opinião do seu micromundo e crenças? Está falando por ouvir falar? Não pensou nem considerou as possibilidades contrárias à sua tese? A chance de passar vergonha e ser visto como uma pessoa de pensamento obtuso, por muitos, é grande.
Se você não domina o assunto, mas está acometido daquela vontade louca de opinar, de soltar toda genialidade inata que está presa no seu cérebro, use uma técnica segura: transforme sua opinião numa pergunta. Fica mais humilde e quem quer realmente pensar sobre o assunto vai pinçar sua tese no meio dela. Você pode começar assim: “Pessoal, sobre este assunto, eu pensei uma teoria aqui, me ajudem a ver se faz sentido (descreva seu ponto de vista)”.
Me parece muito mais coerente discutir com quem se admira, com quem nos importamos, pois iremos dividir o que temos de melhor: conhecimento e  dúvidas. E isso não quer dizer pessoas de pensamento igual. Para os toscos, os néscios vaidosos e sedentos de holofotes instantâneos, não se entrega o melhor. Nem é o que eles querem. O melhor para eles é o aplauso e a concordância, pois ficarão felizes e se manterão na bolha que os conforta.
É uma estúpida perda de tempo e energia refletir com quem só quer um espelho.

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