A comunicação dos brasileiros, especialmente a falada, está cheia de expressões cuja origem a maioria desconhece. E se tivesse noção do ventre que as pariu, provavelmente, muitos evitariam usá-las. Um desses exemplos é “pessoa de bem” ou “cidadão de bem”. Em geral, é empregada para classificar aqueles que são honestos, que possuem uma vida reta, respeitam as leis e cumprem seus deveres. Faz sentido e, por isso, tornou-se popular.
O que a maioria não sabe é que o termo é uma adaptação do anglicismo “Good Citizen” (bom cidadão), nome de um jornal que, nos anos 20, deu voz à temida Ku Klux Klan nos Estados Unidos. A organização pregava a supremacia branca e foi acusada, por décadas, de perseguições e assassinatos de negros. Aliás, ela sobrevive até hoje e tem grande força nos bastidores do Congresso Americano. Lá, como aqui, existem políticos que ainda defendem a nojenta tese de que negros são inferiores e não devem ser tratados como iguais pelos “caucasianos”.
Por que é importante falar sobre isso justamente na véspera do Natal? Por que essa expressão nunca foi tão usada quanto agora e este é um momento propício para, inspirados nos exemplos de tolerância e amor de Cristo, fazermos uma análise das nossas próprias atitudes. Muitos de nós têm batido no peito e se autointitulado “cidadãos de bem” como se, para isso, bastasse ser honesto e não roubar. Lógico que isso é fundamental, mas é pouco.
As pessoas de bem – as verdadeiras – são aquelas que se importam com os outros, que não toleram a miséria alheia, que pensam antes de falar e de escrever nas redes sociais. Cidadãos de bem são aqueles que estendem a mão a quem precisa, que estão dispostos a ajudar sem esperar algo em troca. Pessoas de bem entendem que os vizinhos e conhecidos podem ser diferentes em seus credos, opções sexuais e origens étnicas, mas são iguais em sua condição primeira: a de filhos de Deus.
Então, amigos, vamos aproveitar esse momento em que celebramos a vinda do “salvador” para buscar, em cada gesto e ação, seguir os ensinamentos daquele que foi, de fato, uma “pessoa de bem”. É difícil, mas é preciso tentar porque a nossa cidade, o nosso Estado, o Brasil, o mundo, enfim, precisam disso. Feliz Natal!