Mais uma vez, em pleno Verão, vivemos uma estiagem que pode resultar em severos riscos para a produção agropecuária e, consequentemente, para a economia. A pouca precipitação dos últimos meses, associada aos reservatórios já baixos devido à chuva aquém da média histórica no inverno, agravam uma situação que já se estende desde 2020.
Montenegro prepara um Decreto de Emergência – ainda para essa semana – com base nas perdas, sobretudo, da produção de leite, gado de corte e piscicultura. Localidades como Fotaleza, Pesqueiro, Vendinha e Calafate foram particularmente afetadas. Na região, Maratá e Brochier também já tiveram a emergência decretada, sendo que este último já recebe homologação pela União.
Os efeitos talvez não sejam todos sentidos imediatamente, embora as hortaliças e as frutas da época não estejam tão belas quanto costumam ser e o preço tenha puxado a inflação. Mas, em um nível mais profundo, a crise hídrica acarreta perdas no setor primário, com efeito cascata. A redução na produção de grãos e silagem implica menos alimentos para gado, frango e suínos, o que terá consequência no preço das carnes, leites e derivados. Além de um custo maior para o produtor, que pagará por ração vinda de outros estados. Ou seja: de alguma forma, todos pagaremos pela falta de água. Além disso, caso a seca se estenda por mais alguns meses, poderá haver efeitos na citricultura, base econômica de diversos municípios do Vale do Caí.
Mas engana-se o cidadão que acredita que, por residir na área urbana, está livre da responsabilidade com a preservação do recurso natural. Embora aqui em Montenegro o Rio Caí pareça não ter grande baixa, a parte mais alta da região já começa a sentir o impacto da estiagem. Um cenário que repete o que ocorreu em 2020, quando as réguas que marcavam o nível do rio estavam negativas em Vale Real.
Portanto, para que não tenhamos impactos consideráveis no abastecimento, com períodos de racionamento, é preciso consciência por parte de todos. As orientações são antigas: evitar regar os jardins, lavar calçadas e automóveis com água reutilizada, banho rápido e fechar a torneira durante a escovação dos dentes, entre outros.