O IBGE divulgou na tarde de ontem, dia 29, dados estarrecedores sobre o trabalho infantil no Brasil. Pelo menos 1 milhão de crianças estão nessa situação. Do total, 190 mil são menores de 5 a 13 anos, considerando que, nessa faixa etária, qualquer ocupação é ilegal. Já no caso dos adolescentes a partir dos 14 anos, é possível estar no mercado de trabalho, legalmente, como menor aprendiz. Mas muitos têm ocupações fora da lei, que não observam as regras.
São jovens que, ao invés de se dedicar aos estudos e viver a infância e a adolescência adequadamente, preparando-se para a vida adulta e profissional, estão servindo de mão de obra barata. Em grande parte dos casos, trata-se de crianças que “ajudam” os pais em suas ocupações. O agricultor que leva o filho para a lavoura ou a empregada doméstica que faz o serviço acompanhada de suas crianças, por exemplo. Outra parte são jovens que aceitam empregos ilegais porque precisam colaborar com o sustento da casa.
O resultado disso são crianças feridas em acidentes de trabalho, abandono escolar ou baixo rendimento. São puladas etapas do desenvolvimento e, quando se vê, parte de uma geração está perdida porque, lá no início de suas vidas, foi tomado delas o direito de brincar e aprender de forma lúdica para aprender o que é certo ou errado. Ninguém é capaz de devolver a essas crianças o que lhes foi negado na infância. E o Brasil jamais saberá aquilo que elas poderiam lhe ofertar, caso tivessem recebido o preparo adequado. Perdemos todos.