Ricos demais, pobres de menos

As eleições deste ano chamaram a atenção por diversos fatores, como a escolha, em São Paulo, da primeira deputada estadual trans, a vitória de mulheres negras inspiradas em Marielle Franco, além do crescimento da presença feminina no poder Legislativo. Mas ainda que algumas coisas pareçam “fora de ordem”, certas práticas permanecem. Apesar de ter registrado decréscimo, metade da Câmara que tomará posse em 2019 é formada por deputados federais milionários.
De acordo com um levantamento baseado em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 241 políticos declararam patrimônio superior a R$ 1 milhão. Ou seja, 47% dos 513 eleitos. As bancadas mais ricas são, respectivamente, a do PSL (24 representantes), MDB (com 22), PP (possui 21), PT (tem 18) e DEM (são 17). O parlamentar mais rico é o paulista Luiz Flavio Gomes (PSB-SP), que goza de uma fortuna de R$ 119 milhões. Somados, os deputados representam patrimônio de R$1,1 bilhão, o que dá uma média de R$ 2,2 milhões para cada.
Quando se dizia, antes do primeiro turno, que tão importante quanto escolher os melhores para a presidência da República e para o governo do Estado era preciso fazer opção para o Legislativo, muita gente desdenhou. De modo geral, o Congresso Nacional já será mais conservador do que atual e, dominado pelos ricos, certamente as pautas que interessam ao trabalhador e até mesmo aos desempregados, ficarão em segundo plano.
A melhora da qualidade de vida da população deve ter na liberdade de escolha dos nossos representantes e sua pedra angular. Por outro lado, sendo a Câmara e o Senado os grandes palcos das decisões nacionais, era justo que o Brasil, um país em que a maioria da população ainda é pobre, tivesse no Legislativo uma composição mais representativa dessa realidade. O jeito é pressionar e esperar um mínimo de sensibilidade de quem passa ao largo dos grandes problemas nacionais.

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