Reprise indesejado

Quando, em 2019, era encerrada a novela do mamógrafo de Montenegro, a população da cidade não imaginava que pouco tempo depois nós seríamos obrigados a assistir a uma reprise, e que o enredo desta trama seria tão moroso quanto o primeiro. O desagradável remake teve início em 28 de janeiro de 2020, quando um raio atingiu o Hospital Montenegro e danificou vários equipamentos da instituição, entre eles o mamógrafo que havia começado a atender apenas oito meses antes, após uma longa espera da comunidade.
É isso mesmo! A máquina funcionou por oito meses e já está há um ano e meio parada. Enquanto isso, as montenegrinas são encaminhadas para fazer mamografias em outros municípios. A principal demanda foi deslocada para o Hospital Sagrada Família, de São Sebastião do Caí. O pior é que não se tem uma data sequer para servir de expectativa. A empresa que faz a manutenção alega que o equipamento está “fora de linha” e há “dificuldades em prover peças”.

Daqui aproximadamente 90 dias, em função do Outubro Rosa, veremos nas ruas muitos dos tradicionais lacinhos e lenços cor de rosa marcando a campanha. É um incentivo ao quê? A fazer a mamografia e zelar pela própria saúde e bem-estar. Hipocrisia pura, quando, na verdade, a cidade não oferece o exame.
E, antes que alguns argumentem que a máquina da cidade vizinha está suprindo a demanda e que a prefeitura oferece o transporte, é preciso deixar claro que isto minimiza a dificuldade, mas não a resolve. O tempo que se perde para ir a São Sebastião do Caí ou outra cidade é uma dificuldade a mais, sobretudo para as mulheres que lutam para se manter empregadas na crise de trabalho e renda que vivenciamos.

Não adianta iluminar prédio em tons de rosa ou encher recepções de balões na mesma cor. A prevenção ao câncer de mama merece sim ser destacada, mas antes de qualquer coisa, deve-se oferecer condições para que as mulheres cuidem de sua saúde com dignidade. O que as montenegrinas querem saber é o que, na prática, está sendo feito para resolver o problema.

Será mesmo aceitável que uma máquina comprada no governo Paulo Azeredo e que esteve em funcionamento por tão pouco tempo está obsoleta a ponto de ficar parada por falta de peças? E, se este for realmente o caso, o que será feito para a compra de outra? Espera-se ações concretas para a solução desse antigo problema.

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