A última pesquisa Data Favela mostra que praticamente a metade dos moradores de favelas no Brasil se considera empreendedora. Negócios, muitas das vezes tocados por uma pessoa ou geridos em família, que movimentam cerca de R$ 180,9 bilhões por ano. São pequenas empresas responsáveis por botar comida na mesa de boa parte da população brasileira. Dali sai o sustento de pais, mães, filhos e a realização de sonhos, como a casa própria, um automóvel ou a faculdade.
Essas empresas, no entanto, têm características especiais: para além do gerenciamento familiar, elas nascem, muitas das vezes, da falta de oportunidades. Não é raro alguém perder uma vaga de emprego por ser morador de determinada vila ou comunidade, e então, abre seu negócio. Abrir a própria empresa é, por outro lado, a expectativa de crescimento que, muitas vezes, nasce na informalidade. O Data Favela aponta que 63%, no Brasil, não possuem CNPJ – ou seja, não têm empresa formalmente aberta. Isso ocorre pela necessidade de suprir uma demanda urgente, mas com escassez de recursos para investir. A tendência é que a regularização ocorra ao longo do tempo.
Outra característica própria deste recorte da economia é o reconhecimento dos negócios pelo público através do famoso “boca a boca”. Ou seja, as empresas crescem porque os próprios moradores fazem a propaganda. Isso, com a internet, se potencializa, já que os empreendedores conhecem a linguagem do seu público e usam as redes sociais para atrair ainda mais clientes. Essa ferramenta possibilita casos como o de Maurício, que já teve o seu negócio no Centro de Montenegro e hoje atua na própria vila onde mora, podendo estar mais perto de casa e da família, ganhando em recursos, tempo e qualidade de vida. O fomento aos pequenos negócios deve contemplar esses empreendimentos de vilas, favelas, localidades do interior e todos os cantos. Temos um povo trabalhador, que só precisa, muitas vezes, de um pequeno empurrão para crescer com as próprias pernas.