A comunidade de Montenegro e do Vale do Caí, tem motivo para encerrar 2023 com muito orgulho e iniciar 2024 cheia de esperança. Ao menos no que tange o esporte, com os jovens futebolistas do Municipal embarcando para disputar em São Paulo a etapa nacional da Taça das Favelas. Eles projetarão o nome da cidade para o Brasil, enquanto alimentam seus próprios sonhos profissionais de sucesso.
O esporte, mas, sobretudo o futebol profissional, se transformou na tábua de salvação de meninos e meninas das periferias pobres. Excluídos, explorados e com poucas perspectivas, percebendo em sua frente um caminho de privações, buscam, muito além da fama, vida digna e velhice segura. Contudo, este é um espaço muito competido. São milhares de brasileiros que se reencontram nas filas dos testes de 25, talvez 30, clubes. Esse sistema que faz justiça ao nome de “peneira” é caracterizado pela restrição, e reconhecido por sepultar aqueles sonhos de resgate à dignidade.
Então, aparece uma entidade com a lisura da Cufa para oferecer uma alternativa de ascensão. Por isso, a Taça das Favelas já tem credibilidade. Em Montenegro, a organização encontra um parceiro que carrega histórico de inserção social em comunidades, além de importante elemento do futebol amador, formando a partir desta união o time “raçudo” e talentoso que conquistou o Rio Grande do Sul.
Ninguém ousará dizer que a caminhada até a final, em janeiro, será fácil. Por outro lado, não há um único fator que deva desanimar os jogadores do Municipal. O simples fato de representarem o Estado em uma competição nacional que ao longo dos anos conquistou projeção, já deve ser considerado uma vitória. Lógico que não devem se contentar. Ao contrário, a partir deste final de semana, têm o direito de ambicionar o título brasileiro. Vale aquela máxima do futebol, que jogo se decide dentro do campo.
Inclusive, é totalmente dispensável considerar fatores de desequilíbrio. Primeiramente, porque na Taça das Favelas existe uma igualdade de condições que é vincula à origem humilde dos atletas. Nenhum elenco traz carteirinha de escolinha. Segundo, porque, ainda que seja revelado um craque exceção, o futebol é uma caixinha de surpresas pronta para subverter a lógica.