“Não dá mais para tomar um porre ou dançar até cair, que alguém vai filmar e por na internet. Isso não é vida.” O desabafo é da atriz Júlia Lemmertz, de 55 anos, com 37 de carreira, em entrevista ao Jornal O Globo, na qual discorre sobre seu novo papel na TV, na próxima novela das 18h. O interesse pelo mundo dos famosos não é novidade. E, verdade seja dita, muita gente fez de tudo para virar celebridade e estar nas capas de revista e nas manchetes dos sites de fofoca. Cobrar privacidade soa até meio hipócrita nestes casos.
Contudo, a declaração da atriz desperta um debate interessante. Com a popularização da internet e das redes sociais, não são apenas artistas e políticos que se tornaram “vigiados”. Na verdade, todos nós somos, o tempo todo. O cidadão comum, aquele que trabalha e estuda, também está sempre cercado de iphones prontos para fragrá-lo em qualquer deslize. Assim, uma discussão, um tombo, um porre – como sugere Júlia Lemmertz – costumam render molhares de cliques.
Muita gente gosta dessa exposição e adora postar uma selfie no restaurante, na pizzaria e na balada. É uma forma de “aparecer”, de sentir-se vivo e de demonstrar felicidade. O problema é que, na hora do clique, outras pessoas podem ser retratadas e talvez elas não tenham o mesmo apreço pela exibição. Em grandes cidades, já existem restaurantes que recolhem os telefones de seus clientes na entrada para que a refeição seja um momento de calma e de descanso, ou mesmo de diálogo quando estão acompanhados.
Tudo que é demais faz mal, já diziam nossas avós. A tecnologia é “uma delícia”, mas tem seus custos. E o da perda da privacidade, para algumas pessoas, é alto demais. Afinal, todos temos direito a uma queda sem que as imagens acabem nas videocassetadas do Faustão.