Estamos em ritmo de Carnaval, essa festa mundial que prepara os Cristãos para as abstinências da Quaresma, que no Brasil recebeu características próprias e mais populares. Brincar a “festa da carne” evoca uma liberdade saudável, desde que com toda a responsabilidade, onde a palavra de ordem é ‘amar’. Também é significado de arte, de música e do lúdico que sai da periferia para voar no asfalto. O que não faz parte deste turbilhão de alto-astral é a violência.
Antes de qualquer coisa, observemos que, de forma inevitável, essa expressão vem ligada unicamente à imagem da mulher como vítima, o que apenas reflete a realidade. Elas são constantemente atacadas em sua intimidade, têm o seu corpo tocado sem permissão; colocadas em posição de um tipo de troféu de caça pelos machos que não saem para brincadeira. Descambar para a violência, para o estupro, depende de uma linha tênue entre reação e silêncio.
Então se principalmente as mulheres são flageladas pelo crime da violência sexual, fica claro que o recado Não é Não é voltado aos homens. Eles que usam de forma cretina teorias de criação sob sistema machista – do homem não chora à tese de que deve ter iniciativa com a mulher desejada -, partem com facilidade para a justificativa que mulher gosta de “pegada”. Não só no Carnaval, mas em diversas oportunidades prolifera a mentira de que a dama cortejada tem a tendência de se fazer de difícil.
Essas são muletas para seu ego! Mas o medo da rejeição não pode ser a única explicação para se tornar um predador voraz. Ele usa-as para tenta justificar seu crime impulsionado por certeza de superioridade! Não é que a mulher não possa dizer não. Ela é obrigada a dizer sim, pois um macho se mostrou propício á relação. Essa é a verdade por trás do ataques sexuais. O Homem de fato vê o corpo da mulher como direito.
Montenegro ainda se choca com as revelações do feminicídio de Debby, que em resumo é mais um caso de homem na posição de posseiro da companheira. Ele matou quando ela iria sair pela porta, colocando fim na atitude de liberdade que a vítima buscava.
Situações como esta, ou como um beijo roubado no bloquinho de Carnaval, obrigam a uma vida de medo. Não é mais tolerável que as mulheres vivam sob o breu das vontades do carnais do homem, que as limita à contenção de seus sentimentos e suas virtudes.