O que aprendemos com a lição do tatuador paulista indignado com um adolescente infrator flagrado tentando, supostamente, roubar a bicicleta de um deficiente? Que a punição cabe somente às forças de segurança. Essa é a lei vigente — a mesma lei que, em tese, deve amparar a todos os cidadãos.
São essas mesmas forças de segurança que deveriam atuar contra a impunidade de delinquentes, desde os mais simples aos hediondos. O mesmo sistema que falha inúmeras vezes no comprimento de suas funções básicas. Mesmo assim, a nós, cidadãos, não nos é dado o direito de vingança, e sim de justiça. De uma sociedade que se fundamenta no Estado Democrático de Direito, espera-se a comprensão de que nada justifica a violência. Cometer agressão configura crime, ou seja, pela lei não se paga o mal com o mal e ponto final.
Na ficção, que às vezes imita a vida, há inúmeros casos de figuras que se rebelam e buscam justiça com as próprias mãos. Michael Douglas viveu um personagem estressado, que surta no filme Um Dia de Fúria e é perseguido pela polícia. Com tamanha exposição na mídia, o tatuador paulista já se disse arrependido. O menor nega a tentativa de roubo e a justiça brasileira busca retomar as rédeas da situação, apesar das enormes pilhas de processos e quadros deficitários de pessoal.
Neste contexto, é necessário ter claro que vacilão é um termo que também se aplica a quem reage e publica nas mídias sociais. Há uma linha muito tênue entre heroísmo e covardia, então o mais adequado é ter prudência. Primeiro refletir, depois agir.