Justo ou injusto?

Você já deve ter visto a intensa divulgação a respeito da TV Digital, que logo obrigará os telespectadores a substituir televisores ou adquirir conversores. Isso representa um custo alto às famílias de baixa renda. Por isso, kits com antena e o aparelho conversor de sinal estão sendo distribuídos entre a população beneficiada por programas sociais, como o Bolsa Família. Justo, afinal não se pode privar famílias humildes desse, que, em muitos casos, é o único entretenimento disponível.
O que revolta pela injustiça é a capacidade das pessoas de burlar a lei e tentar tirar vantagem de tudo. Na edição de ontem, denunciamos a venda desses kits nas redes sociais. No mínimo, essas pessoas não merecem estar cadastradas nos programas. Primeiro porque não respeitam a lei. Depois, porque, aparentemente, não estão precisando da ajuda do governo.
É revoltante, mas não deve servir de argumento a fim de questionar-se a entrega dos kits para quem realmente precisa. O problema não está em ofertar um conversor para quem não pode pagar por uma televisão nova. O que se questiona é a fraude, em usufruir de algo que não se precisa nem se merece e, ainda, querer lucrar com a venda.
Essa é – mais uma, aliás – das evidências de que não há mais espaço para a malandragem típica do brasileiro. Tirar vantagem dos outros, sair ganhando em tudo não pode. Quem observar esse tipo de comércio, na rua ou em rede social, tem o dever moral de denunciar. Ou estará aplaudindo um crime.

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