(Ir)responsabilidade de quem?

A punição a quem optar por não utilizar a cadeirinha para transporte de crianças dentro dos carros voltou à tona. A proposta do presidente Jair Bolsonaro é tirar a multa, mas manter a infração para pontuação. O texto também acaba com a aplicação de multas para quem levar crianças com menos de 10 anos no banco da frente do veículo.
Entre outras medidas anunciadas ou citadas, o presidente ainda propõe aumentar o limite de pontos na carteira, de 20 para 40, e já cogitou acabar com as lombadas eletrônicas, sob o pretexto de “acabar com a indústria das multas no Brasil”. O questionamento que fica é: a indústria das multas é ocasionada pela legislação ou pela irresponsabilidade de muitos motoristas?
Infelizmente, sabemos que grande parte dos cidadãos só pensa melhor nos seus atos quando eles doem no bolso. E, convenhamos, é muito melhor que a falta de consciência doa no bolso do que resulte na morte de uma pessoa inocente. Pior ainda é se esse inocente for uma criança, com toda a vida pela frente, que foi vitimada pela imprudência de quem mais deveria protegê-la: os pais ou responsáveis.
Misturar falta de cadeirinha ou cinto de segurança, alta velocidade e a certeza da impunidade só pode resultar em uma coisa: mais mortes trágicas. Comprovadamente, a cadeirinha reduz o risco de morte em até 70%, em caso de acidentes. A certeza de que não haverá multas abre brecha para o famoso “só dessa vez”, “é logo ali” e o “rapidinho. É perto” e, com essas desculpas, coloca-se em jogo a vida das crianças e brinca-se com o futuro de alguém que mal começou a viver.

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