Temos um sério problema de caráter em nossa comunidade. Este pode ser uma insurgência raivosa que tem raízes na exclusão social; contudo em uma tese que apenas explica, mas não justifica depredar o patrimônio público. Se o objetivo, ao atacar o bem comum, é atingir o “sistema vigente”, então o alvo está a salvo, pois é apenas o cidadão comum que se sente afetado. Inclusive, nesta classificação estão os próprios vândalos, ou desleixados e sem zelo pelo espaço coletivo.
O estrago causado aos equipamentos da Praça Inclusive dentro do Parque Centenário é muito triste. Este desolamento inicia quando se pensa no público ao qual é dedicado, que são pessoas com deficiência e autistas. Em grande parte do tempo, estes são de fato excluídos da maioria dos espaços de lazer, esporte, cultura. Aos poucos os promotores e responsáveis pelo social dão a devida inclusão, como é o caso dos brinquedos instalados na pracinha recém inaugurada.
Quão descuidada – ou desprezível – precisa ser uma pessoa para quebrar algo tão singelo, tão relacionado ao amor e ao respeito? Essa pergunta não deve ser respondida considerando que os responsáveis se importem com as outras pessoas. Há aspectos que indicam um mau uso ou exagero no limite de lotação, portando de peso nas unidades. Todavia, o mais perturbador é perceber que a idade dos usuários pode ter sido ultrapassada, e em muito, com possibilidade de estarmos falando de adultos.
A mensagem deste editorial não tem a pretensão de alcançar e mudar a forma com que essas pessoas convivem com outras. Inclusive porque falar que o prejuízo financeiro é pago por todos nós; que o vandalismo resulta em um desperdício do erário público. Mas talvez se fizermos pensar na imagem de uma criança cadeirante parada em frente à gangorra, tendo que retornar para casa sem o brilho que o divertimento lhe traz, estes criminosos tenham o mínimo de compaixão. Aliás, não esqueçamos que fúria semelhante já foi lançada sobre a quadra esportiva da Vila Esperança.
Resta a espera que estes mudem seu comportamento social, e foquem sua rebeldia em ações políticas, em trabalho com ONG’s que cobrem as ausências do estado. Ou que encontre qualquer forma de expressão através da qual possam “aparecer”, porém sem prejudicar gente, na sua maioria cidadãos como eles, da mesma origem e da mesma condição social. O espaço público é de todos, assim como seu zelo depende de todos!