Existem algumas máximas que todo mundo conhece, acredita na veracidade, apoia, mas, estranhamente, não têm o poder de mudar a realidade. Uma delas é “se o campo não planta, a cidade não come”, uma realidade que qualquer pessoa, mesmo as que desconhecem da onde vem o leite vendido na caixinha, sabe. É óbvio que se as novas gerações optarem por abandonar o campo, nossa produção, e consequente abastecimento, irão cair, impactando os grandes centros urbanos.
É um problema cujas consequências vão muito além. O Brasil é maior produtor de grãos do mundo. A agricultura e o agronegócio contribuem com mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. No caso do Rio Grande do Sul, estado cuja economia ainda é muito dependente do campo, esse percentual tende a ser ainda maior. O enfraquecimento dos produtores, sejam as grandes fazendas de soja ou os integrantes da agricultura familiar, não interessa a ninguém.
Tudo isso está nas mãos da nossa juventude rural, público alvo de um novo curso da Emater/RS, destacado na edição de hoje do Ibiá. Capacitando nossos jovens e investindo no que eles sonham para o futuro, poderemos ter dias melhores, no campo e na cidade.
Mas não se pode impedir que os nossos jovens realizem seus sonhos e objetivos, mesmo que estes não estejam na produção primária. Cada um tem o direito de buscar aquilo que almeja, esteja onde estiver. O que cabe às autoridades é oferecer vida digna a quem está no campo, para que as novas gerações tenham como alçar voos sem necessariamente deixar o lar. Boas estradas para escoar a produção, acesso à tecnologia, segurança, rentabilidade condizente e acesso a escolas e postos de saúde são decisivos para que as próximas gerações queiram produzir o que o Brasil precisa.