Para quem não fuma e nunca fumou, entender esse hábito fica impossível. Todavia, a análise deve considerar a definição vício, que no caso do tabagismo é criada por milhares de substâncias químicas, cuja aplicação suprime completamente o elemento natural da folha de tabaco. Se não bastasse ser um costume desagradável, fumar é causador de doenças degradantes e fatais.
Mas este elemento nefasto à saúde não afeta apenas quem escolhe fumar, sendo que está comprovado que o fumante passivo também é afetado. Logo, este é sim um problema de saúde pública! Especialmente se levarmos em conta que a grande maioria das pessoas com doenças causadas pelo tabagismo busca socorro no SUS (Sistema Único de Saúde). Este é apenas um dado para ilustrar, afinal o SUS está ai para curar as enfermidades dos brasileiros, sendo os efeitos do fumo apenas uma destas.
Os que usam esse argumento alicerçam sua tese nos gastos públicos empregados para curar um tabagista; como se algumas das outras doenças conhecidas também não fossem consequência de escolhas. Talvez aquilo que é empregado no fumante passivo fosse mais digno de ser apontado como custo de uma escolha.
Por outro lado, não é prerrogativa do governo proibir ou permitir aquilo que o cidadão faz com o próprio corpo. Eis o paradoxo, pois se a doença vai parar na conta da Nação então não seria prerrogativa do Poder Público intervir? O limite que pode impor é evitar abusos, com propagandas tendenciosas e ao alcance das crianças; deixando o adulto decidir o que quer fazer de seu corpo. Além do mais, a contribuição da indústria tabagista à economia não parece ser algo que um político gostaria de abrir mão, e ser identificado por ter feito isso, sobretudo ao reduzir empregos e fonte de renda para agricultores.
Aliás, não estamos falando apenas de Brasil. Dados da Organização Mundial de Saúde estimam que o tabagismo é responsável por mais de oito milhões de mortes anuais no mundo todo. Destas, sete milhões relacionadas diretamente ao hábito de fumar, e as demais, causadas pelo fumo passivo. O vício também é considerado a maior causa de morte evitável em todo o mundo.
Cabe assim aos governos se aliar à Ciência para alertar, incansavelmente, que fumar é um plano de morte em longo prazo.