De costas para o povo

Os debates em torno do pacote de concessões de rodovias federais no Rio Grande do Sul descortinam uma situação que está entalada na garganta do povo. O governo trabalha para si ou para o cidadão? Se a resposta for a segunda hipótese — única que se pode admitir em sã consciência —, há algo errado neste processo, porque as regiões lindeiras à BR-386 têm gritado bem alto para serem ouvidas pelas autoridades federais. Inicialmente, três décadas de concessão seriam decididas apenas em duas reuniões públicas para 200 pessoas — sendo uma em Porto Alegre e outra em Brasília — em que apenas alguns conseguiram se manifestar. Menos mal que a pressão popular funcionou e uma terceira sessão de debate foi obtida junto ao Ministério dos Transportes. Está confirmada para o dia 16, em Lajeado. Ainda é pouco, porém.

O governo federal tem o dever se melhorar a proposta conforme as demandas sociais e, principalmente, agir com mais transparência. Em primeiro lugar, o Ministério dos Transportes precisa apresentar números e provar por A mais B por que não consegue fazer as obras de manutenção e de duplicação se arrecada quantias bilionárias em impostos envolvendo a frota.

Caso demonstre claramente que os tributos não são suficientes, então o poder central pode partir para a concessão da rodovia, mas não deixando de investir, fugindo de sua atividade-fim. Espera-se de Brasília uma atuação para a definição de tarifas baixas e justas. É possível, mas exige vontade, determinação e seriedade por parte dos órgãos públicos envolvidos.

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