Bastou sair, ainda no sábado, a atualização dos indicadores do governo do Estado para o Distanciamento Controlado para um grande nervosismo tomar conta da população de Montenegro e cidades próximas. Não que tenha sido uma surpresa completa. Qualquer pessoa minimamente bem informada do que se passa, percebia que nós, o Vale do Caí, nos aproximávamos da bandeira vermelha e suas limitações. Ainda na semana passada, foram os municípios mais próximos da Serra Gaúcha a receber “cartão vermelho” e ter serviços impactados e estes, agora, retornaram à cor laranja e suas restrições mais brandas.
Neste momento, sobram interrogações sobre de quem é a culpa para chegarmos nesta situação. O problema está no comércio aberto? Nas indústrias? Nos ônibus lotados? Se o que você deseja é um alvo, não terá dificuldade em encontrar. Já a solução demandará um questionamento muito mais profundo. Com o avanço da doença, que nós sabíamos que aconteceria com a mudança nas temperaturas, só o que poderia nos livrar de maiores limitações seria termos uma grande e organizada estrutura de saúde. Sabemos que isto não é a realidade e todos os investimentos feitos nos últimos meses, às pressas enquanto o coronavírus se aproximava, também se mostram insuficientes.
É claro que isso não nos livra da cota de responsabilidade individual. Ainda é possível ver muita gente desrespeitando regras básicas para o momento em que vivemos. Levar crianças ao supermercado, por exemplo, é algo bastante comum quando, em meio a uma pandemia, a ida a qualquer estabelecimento deve ater-se a uma única pessoa e durar o mínimo de tempo possível.
Máscara? Há pessoas deixando-a dependurada na orelha, abaixo do queixo ou com o nariz de fora para “respirar melhor”. Ou seja, parte da população está apenas fingindo se proteger porque, destas três formas, a máscara não oferece proteção alguma. Também é perceptível que, aos poucos, hábitos importantes como o uso do álcool – líquido ou em gel – para higienizar as mãos estão se perdendo.
Estarmos na bandeira vermelha é resultado de uma soma de fatores que vai do quase inevitável avanço da doença, à incapacidade do poder público em realizar a totalidade dos investimentos e os descuidos da população. Talvez os prefeitos do Vale, neste momento, até consigam algum abrandamento da situação, mas não podemos nos enganar: os próximos meses ainda apresentarão muitas dificuldades.