Não é de hoje que a situação das universidades públicas brasileiras está complicada. Falta de professores, laboratórios sucateados, recursos escassos para pesquisa e extensão são apenas alguns dos problemas enfrentados. Afinal, qual o propósito disso?
Já não bastasse a situação crítica que nosso País enfrenta, tendo caído várias posições nos rankings internacionais de avaliação de ensino superior, agora, o Ministério da Educação (MEC) anunciou o bloqueio de 30% na verba das instituições de ensino federais. A notícia é ainda mais grave tendo em vista que o corte de recursos é uma retaliação a manifestações em três instituições: a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Mais do que lugar para aprender cálculos e letras, os cursos de ensino superior são, também, locais onde o cidadão deve expandir seus horizontes e desenvolver seu senso crítico. Manifestar faz parte. E a retaliação a esses movimentos, sobretudo com redução nas verbas de instituições que já “cortam na carne” seus custos para manterem-se vivas, é mais uma forma de desvalorizar a educação e a chance de desenvolver o País em longo prazo.
O sucateamento não é de hoje. É resultado da falta de investimento de diversos governos subsequentes. Mas o corte, ao invés do investimento, é ainda mais grave diante da realidade que enfrentamos, onde apenas 1,9% dos cursos de graduação tiveram nota máxima na avaliação do Ministério da Educação, segundo os dados mais recentes no site da pasta.
Certamente, o corte orçamentário não contribuirá para a melhoria desse cenário e, pelo contrário, será responsável pela redução de pesquisas, de trabalhos desenvolvidos dentro desses espaços e pelo fechamento de cursos. Isso, em longo prazo, pode ser devastador para o país.
É comprovado que nações que priorizam e valorizam a educação têm maneiras concretas de ascensão profissional e econômica através do esforço em anos de estudo e trabalho. Por exemplo, Finlândia, Canadá e Coreia do Sul têm alto desenvolvimento econômico e qualidade de vida, características que foram construídas com base no investimento em educação de qualidade. E o Brasil, vai ficar para trás até quando?