Esta é a última edição de 2020 do Ibiá. E, como de costume, tínhamos a missão de entregar para você – nosso leitor e razão de existir – páginas recheadas de esperança. Só que neste ano, esta missão ganhou contornos ainda mais importantes e difíceis. Publicamos notícias ruins demais em 2020. E encerramos este ano torcendo para que em 2021 mais temas alegres dominem o noticiário. Precisávamos entregar esperança na edição de hoje!
Foi então que percebemos que essa esperança existe em cada membro da nossa comunidade. A mais bela matéria que poderíamos publicar só existe por conta da natureza solidária do nosso povo. Sim, tem retrospectiva nessa edição. Também tem as previsões para 2021. Mas a matéria que nos permite ter esperança em dias melhores não é nenhuma delas, mas sim a que mostra os muitos atos de solidariedade estrelados pela população de Montenegro e da região.
Tivemos grandiosas arrecadações de alimentos que levaram não apenas o arroz e o feijão à mesa de famílias em extrema pobreza, mas também ofereceram amor. Neste estranho ano, abraçar esteve proibido, mas muita gente sentiu-se afagada ao lhe ser estendida uma ajuda inesperada quando viu emprego ou empresa desmoronarem. Vimos jovens se oferecerem para fazer supermercado aos idosos e assim estes – grupo de risco à Covid-19 – puderam se manter em casa e em segurança. Muita gente, mesmo enfrentando a própria tempestade já que ninguém passou 100% ileso desta pandemia, teve a grandeza de olhar em volta e perceber as dificuldades do próximo e, assim, oferecer seu tempo em ações voluntárias.
Tivemos ainda uma série de campanhas solidárias que visavam auxiliar as pessoas que passavam por dificuldades de saúde, precisando ajuda financeira para pagar por tratamentos clínicos e cirúrgicos. Campanhas de doação de sangue. Municípios colaborando entre si, com doações de uma cidade para outra. Depois das enchentes, tivemos demonstrações de preocupação vindas de perto e de longe. E na pandemia, organizações comunitárias realizaram ações e eventos para melhorar a vida em comunidade. Grandes empresas realizaram importantes doações de alimentos e insumos médicos. É, se analisarmos bem, temos sim a que agradecer no ano que finda. Nem que seja pelo que ele nos levou a fazer pelo próximo. Então, sim, obrigada 2020.
Pessoas religiosas ou espiritualizadas têm dito que 2020 ocorreu por algum motivo, para nos ensinar algo. Se isto é verdade, pelo menos em parte, o ensinamento visava nos mostrar que não adianta você estar bem, sua família estar com saúde, seus vizinhos terem comida da mesa ou seus amigos estarem empregados e os demais também não estiverem. Tivemos neste ano um lembrete – claro e doloroso – de que a vida é vivida em grupo, no coletivo, em comunidade. E que “cuidar de si mesmo” não resolve nada se o vizinho descuidar. Se levarmos para o próximo ano esta lição e a exercitarmos dia após dia, não teremos apenas um ano melhor, mas sim uma década muito especial, de crescimento coletivo. O que, no final das contas, é o que todos desejam. Que venha 2021. Que traga a vacina, a recuperação da economia e muita harmonia entre as pessoas.
