Neste final de semana, os católicos celebram o dia de Nossa Senhora dos Navegantes, protetora dos pescadores, navegadores e trabalhadores do mar. Já os praticantes de religiões de matriz africana celebram Iemanjá, Rainha do Mar padroeira das águas, da fertilidade feminina, da maternidade e primordialmente e continuidade da vida. Religiões diferentes, mas que têm um mesmo propósito: saudar e celebrar sua protetora neste domingo, 2 de fevereiro. Haverá celebrações no Litoral e também por aqui, nas ruas e nos rios. Nas casas e nos templos religiosos. Flores, procissões, cantos e orações serão entoadas em vários ritmos e diferentes crenças, mas com um propósito semelhante de amor e fé.
Pedir ou agradecer a interseção da santa é um direito de cada cidadão, dentro de suas crenças e conforme os rituais que lhes são mais caros. Não fazer isso também é um direito para quem não acredita, seja em Iemanjá ou em Nossa Senhora dos Navegantes (e em qualquer outro tipo de imagem ou divindade). Essa é a magia em se viver num país laico, em que religião e política são dissociadas: a liberdade em exercer sua religião de maneira livre e sem julgamento. Ou, ao menos, deveria ser assim.
Não é incomum vermos notícias sobre ataques a terreiros, vandalismo em igrejas, profanação de imagens religiosas e outras formas de desrespeito àquilo que, para o outro, é tão importante e sagrado. A maior parte das vítimas de intolerância religiosa é composta por adeptos de religiões de matriz africana (25% dos denunciantes e 1,6% da população). Os católicos (64,4% dos brasileiros) registram 1,8% das denúncias, e os protestantes (22,2% da população) registram 3,8% das denúncias.
E qual o motivo? Nenhum aparente. Apenas o ódio. Esses atos refletem a incapacidade de entender que, aquilo que não lhe serve, pode ser extremamente importante a outras pessoas e devem, sim, ser respeitadas. Afinal, esse é um dos principais ensinamentos de qualquer religião: a fé e o respeito caminham lado a lado. E, para quem não acredita em religião, vale ainda aquela velha máxima de boa convivência social: não fazer ao próximo o que não gostaria que fosse feito consigo.