Aos 56 anos de idade, tenho aos poucos procurado me organizar de maneira mais responsável do que outrora. Já não cometo deslizes e extravagâncias do passado, penso mais acauteladamente quando tenciono comprar ou consumir algo, tentando assim evitar a repetição de erros tolos e dores de cabeça indesejáveis e desnecessárias.
Entretanto, nessa vida nada depende tão só da vontade e organização própria, pois infelizmente estamos vivendo um tempo onde toda sorte de golpes são intentados, muitos destes chegando à consumação.
Quem nunca recebeu um falso boleto, uma indevida notificação de cobrança, ou não sofreu com juros exorbitantes e taxas abusivas praticadas por empresas e instituições?
Para muito além da natural e justa subsistência pelas prestações de serviços que executam, infelizmente são incontáveis os casos de negócios e pessoas jurídicas que, descaradamente, investem contra clientes e usuários com uma voracidade e ganância por dinheiro, que bem poderíamos comparar a um leão faminto na mata quando encontra alguma presa. E são, na minha leitura, criminosas tais condutas.
Senão, vejamos:
Você aluga um imóvel, toma o cuidado de durante a sua estada naquele espaço não alterar praticamente nada, zela pela manutenção e conservação, pois sabe que um ano após, vencido o contrato de locação, ao devolver o imóvel você terá de fazê-lo nas mesmas condições que o recebeu. E você age rigorosamente dessa maneira. Cuida, conserva, mantém tudo inalterado. Porém, quando faz a entrega, a imobiliária lhe achaca taxas superdimensionadas e injustificáveis da vistoria final, cobrando valores absurdos por uma suposta reforma que, por óbvio não será realizada, e o dinheiro, se pago, irá parar na conta de algum usurpador desonesto.
Vivi essa experiência nos últimos dias e é, pois, esse texto, de certa forma um desabafo. Fosse eu parlamentar, poderia tratar esse indigesto tema através de uma moção de repúdio.
Como não sou, aqui escrevo sobre isso porque certo é que há milhares de outras “presas fáceis” que estão por aí à mercê dos golpistas. Não podemos aceitar passivamente esses ataques recorrentemente usados para nos lesar. E se essas empresas golpistas quiserem nos ameaçar de envio dos nossos nomes para órgãos controladores de crédito como SPC, SERASA etc, que o façam! Mas é preciso que tenhamos acesso e façamos uso de todos os canais disponíveis de resistência a isso, como Procon e Juizado Especial Cível, fazendo desaguar no Judiciário essa questão, até mesmo para que o Ministério Público tome ciência e esteja mais atento e vigilante ao combate de tais práticas delituosas.
Hoje são cada vez mais comuns os golpes que visam lucro fácil, o dinheiro mal havido, seja por intimidação, persuasão, extorsão, estelionato etc. E, dessa forma, são milhares de brasileiros que pagam, mesmo sabendo que não devem, apenas para não terem seus nomes inscritos nos cadastrados de negativados.
Proteja-se. Leia todas aquelas chatas e pequeninas letras inseridas nos contratos que lhe são apresentados, questione, recuse, duvide e desconfie fortemente de facilidades aparentemente sedutoras que, no amanhã, podem se revelar como fontes intermináveis de enxaquecas.