Já há algumas semanas tem me impactado muito a atual campanha publicitária da FEAPAES-RS, Federação das Apaes do Estado do RS. O recado institucional transmitido por intermédio dos veículos de comunicação é uma verdadeira paulada, e eu destaco especialmente o impacto da mídia televisiva, que agrega a mensagem escrita às falas e imagens de crianças e adolescentes assistidos.
“Você nem imagina do que a gente é capaz.” Essa é a frase principal da campanha idealizada pela FEAPAES- RS para este ano de 2022.
Com o claro propósito de provocar a reflexão urgente e necessária na sociedade, e também propositalmente endereçada à classe política gaúcha, por se tratar de ano eleitoral, as falas dos pacientes assistidos que participam diretamente do vídeo institucional de um minuto são muito constrangedoras e não há como deixar de ser atingido pelas mesmas. “Prometo não lembrar da gente mais uma vez”. “Falando de tudo para não resolver nada”. “Prometo fingir que não é comigo”. “Prometo fingir que me importo”. “Mas só depois, na internet”. E o desfecho não poderia ser outro: “Quando a propaganda eleitoral está prestes a começar, as Apaes podem afirmar, com orgulho: nós cumprimos nossas promessas.”
Eu busquei informações complementares e, para minha surpresa e decepção, descobri que o Estado do RS está muitíssimo aquém de algumas outras unidades da federação, no quesito empatia e solidariedade para com os portadores de deficiência intelectual ou múltipla. Isso porque estados como o Paraná ou Santa Catarina, por exemplo, têm demonstrado muito maior empenho no sentido de implementar políticas públicas de resultados concretos em prol de pacientes, familiares e profissionais diretamente envolvidos com esse público das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais. No Paraná são mais de 430 milhões destinados por meio de repasses estaduais às escolas com público especial e, deste montante, 80% com destinação específica para as Apaes. Já em Santa Catarina criou-se um fundo de arrecadação com base no recolhimento do ICMS que assegura um repasse de mais de 40 mil mensais para as Apaes.
Então me ocorreu que nem mesmo eu, até aqui, prestei a devida atenção ao rol de candidatos e candidatas do próximo pleito, no que diz respeito ao quesito comprometimento para com as pessoas portadoras de necessidades especiais.
Para quem como eu não possui nenhum familiar ou amizade bem próxima que sofra com a presença de alguma deficiência intelectual ou múltipla talvez seja mais difícil ser tocado por esse tipo de campanha.
Mas fato é que não há nada de justiça em simplesmente assistirmos a esse tipo de apelo e não fazermos nada, passarmos adiante e, como um dos pacientes diz na sua fala: “Prometo fingir que não é comigo”.
É comigo, sim. É contigo também. É com todos nós!
Segundo dados do IBGE do ano de 20211, o Brasil possui mais de 17 milhões de pessoas portadoras dessas enfermidades, dependentes de atendimentos e acompanhamentos especializados e de políticas governamentais efetivas e inclusivas.
Então hoje, faltando penas nove dias para uma grande eleição, de maneira oportuna vale indagar: Você tem informações acerca do comprometimento e do interesse do seu (sua) candidato (a) para com essas causas e essas pessoas?
Dá tempo de pesquisar.
Bom voto!
