O velho Balneário

Para quem não sabe, existia ali, atrás da Tanac, o Baixio Velho. Era um balneário onde íamos nos refrescar e, muitas vezes, pescar. Acampávamos na saída da sanga, onde, aliás, naquele tempo, dava muito peixe. Tinha tanto peixe que, à noite, literalmente caçávamos traíra usando facão, iluminados pelo lampião de carbureto do meu pai.

Antes de chegar ao Baixio Velho, precisávamos passar por uma cancha de carreira, uma pista reta de corridas de cavalos. No verão, era um mar de barracas e carros, apesar de, naquele tempo, não haver tanto automóvel como hoje. Embaixo das árvores, ficavam os veículos da época: Rural, Fusca, Karmanguia, Kombi e muitas bicicletas.

Este balneário era opção para grande parte dos moradores da cidade. Não lembro de ter ido no Balneário Afonso Kunrath, que chamávamos de Baixio novo. Quase toda cidade se banhava no Baixio Velho. Hoje, felizmente ou infelizmente, temos piscina em casa e enfrentamos a onda de calorão confortavelmente mergulhados numa IGUI de fibra.

Acampado no Baixio Velho, certa feita, na barraca do Seu Olímpio Pescador, pela primeira e única vez, comi carne de jacaré. Sim, antigamente não era crime ambiental caçar e comer animais silvestres. Hoje, se você esbarrar num ouriço, é capaz de ir preso.

Mas, voltando ao Baixio Velho, por muitos anos, foi uma das únicas opções de laser da classe baixa da cidade, e até da classe alta também. Como estava numa área particular, hoje não temos mais acesso para chegar a este local, mas seria uma ótima ideia reativá-lo, da mesma forma que o Balneário Afonso Kunrath.
Seria ótima opção para aqueles que não possuem piscina em casa – a grande maioria, diga-se de passagem – que então poderiam se refrescar neste calor que tem feito ultimamente. Calor que, aliás, parece maior do que na minha infãncia. Não tínhamos ar condicionado, nem ventilador, quiçá um leque para nos abanar, mas sobrevivemos.

Por isso, achei ótima a ideia da Secretaria de Desporto, Cultura e Turismo, da Dani Boos, na diretoria do Jaime Büttembender, trazer um toboágua gigante para quem não saiu da cidade, no feriado de Carnaval, poder brincar e aplacar o calor dos dias atuais.

Pelas imagens das redes sociais, deu para notar que foi um sucesso. A fila de pessoas aguardando sua vez de descer a Rua São João a bordo de uma boia inflável chegava quase na Apolinário de Moraes. Eram pais e filhos se divertindo juntos e se refrescando no Toboágua gigante. Já que o Baixio Velho não existe mais e o Baixio novo ainda não está nas melhores condições de banho e lazer, o toboágua foi uma ótima opção de diversão.

Não é crime se divertir. É crime comer carne de jacaré.

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