Meu pai foi mineiro. Trabalhou nas minas de carvão em Butiá. Ele era natural desta cidade que, aliás, também é minha cidade natal. Não nasci em Montenegro, mas vivo aqui desde os três anos. Então, sou mais montenegrino do que da região carbonífera.
Esta região foi próspera, quando ainda se explorava o carvão mineral oriundo de suas jazidas, sob onde hoje se assentam as cidades. Os buracos das minas ainda permanecem e, inclusive, ajudamos a soterrá-los, mandando nosso lixo para ser depositado lá. Mas esta é outra história que abordarei em outra coluna. Lá, pode.
Voltando ao meu pai, ele trouxe junto, quando veio morar aqui, um lampião de carbureto. Este artefato construído por ele nada mais era que um lampião de metal com duas partes separadas. Na parte de cima, ia água e, na parte de baixo, o carbureto, ou carbeto de cálcio. Este composto químico reage com água e forma o gás acetileno. Meu pai construiu o lampião com um orifício onde a quantidade de água que pingava nas pedras de carbureto embaixo era controlada por uma vareta. O gás formado saía por um bico na parte de cima e iluminava o ambiente. Engenharia pura.
O carbureto comprávamos ali no antigo estaleiro Bortolaso. Vinham em pedras e acho que eles usavam para as máquinas de solda da época. Estudei muito e fiz meus temas de casa, mandados pela professora Vanda, do José Pedro Steigleder, à luz do lampião de carbureto do meu pai. Imagina se não evoluíssemos para a luz elétrica.
É preciso evoluir. A tecnologia avança com uma velocidade incalculável e precisamos nos adaptar. Tudo é virtual hoje e em dia, tudo é na nuvem. Tudo é eletrônico.
Como a Nota Fiscal Eletrônica, que agora chegou ao campo. A partir de julho deste ano e de janeiro do ano que vem, 2026, os talões de produtor rural deixarão de existir e só serão aceitas NF-E, a nota eletrônica. Uma boa parte dos produtores rurais de Montenegro está apreensiva, pois tem dificuldade em lidar com a tecnologia e teme pela qualidade da internet, fundamental para a NF-E.
Até por isso, a SMDR está organizando treinamento sobre a emissão da NF-E para que todos possam aprender a emitir o documento. No dia 11 de março, no Teatro Roberto Atayde Cardona, e será aberto a todos os produtores rurais do município. As vagas serão limitadas à capacidade do teatro.
Haverá outros treinamentos em parceria com a Emater, para que todos os públicos interessados possam participar e ficar preparados para esta mudança, que é irreversível, mas vem para melhorar e para facilitar a vida e o controle de toda produção primária do país.
Toda mudança produz dúvida e resistência num primeiro momento. Não será diferente com a nota eletrônica para os produtores. Mas como não tem volta, todos terão que aprender e encontrar meios para atender a essa questão legal. E a Administração Municipal, através da SMDR, será parceira nesta transição tecnológica no campo.
A evolução é necessária, chega de papel. Como foi a luz elétrica na minha infância, que fez nossa família aposentar o lampião de carbureto, que serve hoje apenas como item de museu e decoração em nossa casa.