Lembro quando, no final dos anos 70, passamos a morar em outra casa. Saímos de um chalé de madeira de dois cômodos, sem água encanada, sem luz elétrica e sem banheiro para uma casa com dois quartos, água, luz e banheiro dentro de casa. Aliás, hoje, não entendo como conseguíamos viver entre 8 pessoas numa casa assim. Parece que a vida naquela época era mais fácil, apesar das dificuldades. Só meu pai trabalhava para sustentar toda a família e, mesmo que não tivéssemos luxo, nunca nos faltou o básico para viver. E não tinha Bolsa Família, CAD Único, etc…
A vida na casa nova era um mundo todo de novidades. Quando morávamos no sopé do morro São João, ali na Rua Ibicuí, que hoje está asfaltada, o vizinho mais próximo ficava a uns 300 metros. Já na Cinco de Maio, os vizinhos eram colados a nossa janela. Havia luz nos postes na frente de casa, o pátio era cercado. As paredes eram de tijolo, as janelas eram com vidraças. O frio rigoroso do inverno seria menos penoso, pois não havia frestas entre as tábuas, como no antigo lar.
Era um mundo novo. Tudo era novo. Não demoramos a nos acostumar porque nossa sofrida vida melhorou e fomos muito felizes ali. Era um desafio, mas a vida é feita de desafios. Sem eles, nos acomodamos e acomodar-se é um perigo, pois abrem-se portas para uma inimiga de nossa alma, a famosa depressão.
É com este sentimento, de desafio, que assumi a partir de 2 de janeiro a Secretaria de Desenvolvimento Rural do Município. É um baita desafio. Talvez o maior da minha carreira profissional. É um setor novo e onde nunca foquei minhas atenções. Apesar de saber dos assuntos da SMDR, pois todos passam pela secretaria geral, onde estive nos últimos 4 anos, nunca me envolvi diretamente com os temas da agricultura local. Mas aceitei o convite do prefeito porque tenho certeza de que posso agregar. Sei das dificuldades e dos problemas enfrentados pelo meu antecessor, Ernesto Kasper, e para o qual deixo meu agradecimento pelas dicas e pela cordial transição que fizemos.
Nossos produtores merecem atenção especial. Temos conseguido manter as estradas em boas condições, mas só isso não basta. Nesse sentido, meu primeiro movimento será ouvir todos os atores deste setor, ainda muito importante para a economia do nosso município. Assim, já procurei a Emater e o Sindicato para ouvi-los e agora começo a ouvir aqueles que são o motivo desta secretaria: os produtores rurais.
Saber suas expectativas e reclamações e trabalhar para superá-las e atendê-las. Temos um interior com ótimos exemplos de trabalho e que poucos conhecem. Sei que não será fácil, sei que terei enormes dificuldades até implementar programas e políticas que valorizem e reconheçam nossos produtores rurais.
É um mundo novo para mim, é uma nova vida. É um enorme desafio. Como foi para um adolescente mudar de casa, mudar de bairro, mudar de amigos. Mas gosto de desafios, pois quanto maiores eles são, maior será o sentimento de vitória e do dever cumprido. Mãos à obra.