Há dois anos, nesse mesmo dia de abril, ainda estávamos cumprindo a promessa que fizemos a nós mesmos de não fazer nenhuma viagem para economizar grana. Terminamos o ano com experiências incríveis em lugares próximos a nós, incluindo uma viagem com amigos para os Aparados da Serra. IMPAGÁVEL!
Há três anos, nesse mesmo dia de abril, estávamos em Noronha, visitando a terceira praia mais bonita do mundo. Naquele dia, já estávamos há três na ilha, e já tínhamos percebido que tudo que falavam era pouco para a grandiosidade daquele lugar e que tudo – horas buscando passagens baratas, economia forte de dinheiro, cinco escalas de avião – valeu a pena.
Há quatro anos, em abril, tínhamos chegado há alguns dias de uma viagem sem explicações para o Peru. Foram oito dias, divididos entre Lima, Cusco e algumas prainhas, entre modernidade e história pura e pulsante, entre o real e o mágico – pra mim, Machu Picchu carrega muito mais energia do que pedras em sua construção.
Há cinco anos, tínhamos apenas sonhos. Sabíamos que o mundo era muito mais do que nossa bolha conseguia nos apresentar e queríamos conhecer cada cantinho dele. Não tínhamos nem 20 anos, mas sentíamos que precisávamos de mais. Que precisávamos do que outras pessoas, outras cidades, outras paisagens tinham a nos oferecer.
Então, decidimos construir as lembranças que tanto sonhamos. E por que não agora? Por que deveríamos escolher sonhar e não realizar? Por que deixar para o ano que vem? Por que colocar outras coisas – não tão renovadoras e evolutivas – como prioridades pra nossa vida? Não achamos resposta pra nenhuma dessas perguntas e vimos que era o melhor a se fazer: investir em felicidade!
Na última semana, vivemos uma dor imensurável. Nosso padrinho de casamento e um dos melhores amigos do Rodrigo faleceu em um acidente de carro. Luís Schumacher não responderia a nenhuma dessas perguntas também.
Ele viveu com uma intensidade gigantesca cada minuto dos 24 anos de vida que teve. Viajou – na maioria das vezes rodeado dos amigos -, estudou muito e se dedicou até o último dia a realizar o sonho de ser um grande advogado, trabalhou que nem louco fazendo exatamente o que amava fazer, fez muita festa, reuniu a galera na casa dele pra incontáveis churrascos ao redor da piscina e buscou diariamente a tal felicidade. Ele não só encontrou, como fez questão de espalhar pra todos que puderam conviver com ele.
Sabe quando algo te faz parar tudo, colocar tua própria vida em uma balança e discutir contigo mesmo se esse é o caminho, se essa é a melhor forma de viver a aproveitar cada dia? A gente já achou nossa maneira de ser feliz. E tu?
Não perde tempo, não!
E é sério, às vezes, deixar para depois pode ser deixar para nunca mais. Poucos anos depois de irmos a Machu Picchu, lemos a notícia de que parte do sítio arqueológico seria fechada para turistas e o número de visitantes por dia também iria diminuir devido à má gestão por parte do governo peruano. Percebemos que nossos pais, por exemplo, não teriam mais a experiência como tivemos, de caminhar por entre as ruínas e vivenciar – mesmo que na imaginação – como era a vida ali.
As novas regras de visitação incluem horários bem mais restritos, um limite de horas para ficar no parque e a presença obrigatória de um guia durante o passeio. E, se não funcionar, a Unesco, que declarou Machu Picchu Patrimônio da Humanidade, pode incluir a cidadela inca na lista de lugares Patrimônio em Risco.
E como Machu Picchu, muitos outros pontos incríveis do mundo estão ficando mais restritos, sendo fechados para o público ou sumindo do mapa turístico: do seu mapa! Sim, quanto mais velhos ficamos, deixamos de lado muitas viagens que já foram grandes sonhos. Por mudar o estilo de vida e de viajar e também porque, para idosos ou pessoas com a saúde mais debilitada, por exemplo, alguns locais do mundo já não são mais opções viáveis, como a Gruta da Lagoa Azul, em Bonito – MS, que só pode ser acessada por uma extensa escadaria.
A hora de conhecer esses lugares é agora
Veneza
A cidade italiana é o sonho de muitos e um destino superpopular, porém é estimado que, em aproximadamente 70 anos, mais da metade da cidade esteja danificada pelas marés altas. O nível do mar tem subido drasticamente na região e os alagamentos têm se tornado cada vez mais frequentes.
Mar Morto
O volume de água do Mar Morto, entre a Jordânia e Israel, reduziu um terço nos últimos 40 anos e só deve reduzir mais e mais. Estima-se que em 50 anos, o Mar Morto não vá existir mais. O motivo? O abastecimento de água dos povos da região, realizado por meio de drenagens do mar.
Taj Mahal
O único item da lista que não é uma beleza natural e sim algo criado pelo homem. A poluição na Índia está corroendo o mármore branco do Taj Mahal rapidamente, e logo pode comprometer a construção. A situação é tão séria que o governo indiano estuda colocar uma redoma em volta do palácio e proibir as visitações, algo que pode ocorrer em menos de 10 anos.
Alpes Europeus
Como os Alpes (distribuídos pela Alemanha, França, Itália, Suíça e Áustria) estão localizados em uma altitude mais elevada em comparação às outras cadeias montanhosas do mundo, eles correm mais riscos de sofrer as consequências do aquecimento global. Cada vez menos neve tem se acumulado nas montanhas com o passar dos invernos e os glaciares de toda a região estão diminuindo em proporções alarmantes.
Glaciares
Os glaciares estão encolhendo em dezenas de países do mundo devido ao aquecimento global. Geleiras nos Estados Unidos, Europa, Nova Zelândia e Patagônia têm regredido em níveis alarmantes. Para termos noção, o Glacier National Park nos Estados Unidos reunia 150 geleiras há 100 anos, e hoje esse número é de 27. As geleiras da Patagônia estão mais próximas de nós, e já valem o fascínio de uma beleza natural que pode se extinguir em poucas décadas.