Não é muito comum, na política montenegrina, ver filhos repetindo a trajetória dos pais. Nesta legislatura, porém, há duas exceções. Felipe Kinn da Silva (MDB) herdou a vaga do pai, Joacir Menezes da Silva, que faleceu no exercício do mandato anterior, vítima de um infarto. O segundo, também do MDB, é Cristiano von Rosenthal Braatz, filho do ex-vereador Roberto Braatz, que esteve no Legislativo por seis mandatos a partir de 1989. Na quinta-feira à noite, “Braatz filho” foi eleito presidente do Legislativo, cargo que assume oficialmente em janeiro. Novamente, sua trajetória imita a do pai, que dirigiu a Câmara há 25 anos, em 1993. Algumas pessoas já começam a se perguntar se Cristiano conseguirá ir além e realizar um sonho que “Braatz pai” não chegou a concretizar: ser prefeito de Montenegro. Ainda é cedo para dizer.
Sucessão – Há algumas histórias de sucessão familiar na Câmara: Ivo Bühler e
Rivo Bühler, Hugo Müller e Heitor José Müller, Vaceli Flores de Oliveira e Percival Souza de Oliveira são exemplos. Contudo, nos últimos 50 anos, a ocupação do cargo de presidente por pai e filho só havia ocorrido uma vez, com Roberto Atayde Cardona e Marcelo Petry Cardona. O primeiro exerceu a direção de 1969 a 1972. Marcelo o fez em 2009.
Só uma – A escolha da nova mesa, na sessão de quinta, foi tranquila. Apenas uma chapa foi apresentada. Além de Cristiano Braatz na presidência, tem Juarez Vieira da Silva (PTB) como vice; Talis Ferreira, do PR, como primeiro secretário; e Valdeci Alves de Castro, do PSB, como segundo-secretário. A posse ocorrerá em janeiro. Até lá, Erico Velten (PDT) segue no “trono”.
Protesto – A única inconformidade registrada na eleição foi manifestada pela vereadora Josi Paz, do PSB, que se absteve na votação. Ela disse que não se sentia à vontade para chancelar a escolha porque foi excluída das discussões para a construção da chapa apresentada. Não que ela quisesse a presidência no próximo ano, pois terá um bebê recém-nascido para cuidar. Só não acha certa a manutenção do acordo feito pelos partidos de oposição em 2016, que deixaram os socialistas fora do rodízio na presidência nos quatro anos da legislatura.
Poder – Presidir a Câmara Municipal é importante do ponto de vista político por várias razões. A primeira: hoje, o vereador que ocupa a função é o primeiro na linha de sucessão do prefeito Kadu Müller, o que não é pouco numa cidade em que dois chefes de Executivo perderam o mandato em menos de três anos. Outro bom motivo é a visibilidade que o cargo proporciona, já que o presidente é convidado para dezenas de eventos. E, finalmente, o controle sobre as pautas de votações dá a ele um grande poder para negociar projetos e obras que podem resultar em ganhos eleitorais.
Rapidinhas
* Vereadora Rose Almeida (PSB) sugeriu o nome do médico ginecologista Pedro Puzzyna para a unidade básica de saúde que funcionará dentro do Parque Centenário. O projeto de lei está em tramitação, mas já tem a simpatia de todos.
* Fumar é um problema para a saúde, mas pode ser ainda mais perigoso para os políticos. Especialmente aqueles que seguram o cigarro com a mão direita. O eleitor detesta cumprimentos fedorentos, que deixam em seus dedos o cheiro da nicotina. Figuras públicas devem fazer um esforço extra para vencer o vício.
* Nos próximos dias, deve pousar no gabinete do prefeito um pedido para a suspensão da coleta do lixo no dia 25 de dezembro. Embora o contrato com a prestadora do serviço não preveja, os garis gostariam de passar o Natal com suas famílias, como a maioria dos trabalhadores. Questão de sensibilidade.
* De 12 a 21 de dezembró, a Prefeitura terá horário diferenciado. É que, nos dias 24 e 31 de dezembro, antes do Natal e do Ano Novo, não haverá expediente. Para compensar estas horas, os órgãos públicos funcionarão das 7h30 às 12h e das 13h30 às 17h. Até os postos de saúde fecharão quatro dias em cada feriadão.
Menos politicagem
A Câmara aprovou por unanimidade o projeto de lei do vereador Felipe Kinn da Silva (MDB) que proíbe a Prefeitura de inaugurar obras que não estejam totalmente concluídas e em condições de uso. Trata-se de um duro golpe na politicagem. É muito comum a realização de eventos com o único objetivo de captar votos. O leitor certamente já viu muitas fitas sendo cortadas em postos de saúde sem equipamentos e em escolas sem funcionários, classes e cadeiras.
Comissões
Quinta-feira, depois da eleição da nova mesa diretora da Câmara, ocorreu a formação da Comissão Geral de Pareceres (CGP), a quem cabe dissecar todos os projetos antes da votação em plenário. O grupo é formado por Cristiano Braatz (MDB), Talis Ferreira (PR), Juarez da Silva (PTB), Joel Kerber (Progressistas) e Josi Paz (PSB). Já a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos ficou com Josi Paz (PSB), Neri de Mello Pena (PTB) e Felipe Kinn da Silva (MDB).
Comissões II
Os deputados estaduais gaúchos receberão, nos próximos dias, uma correspondência assinada pelos vereadores de Montenegro. O documento pede que todos eles votem contra o projeto de lei que prorroga as alíquotas mais altas do ICMS instituídas em 2016. A iniciativa partiu do vereador Cristiano Braatz, do MDB, e teve o apoio dos demais legisladores.
Incoerência – Qualquer pessoa de bom senso quer a redução dos impostos, mas o momento é especialmente importante para mostrar a falta de coerência que reina na política. É, no mínimo, estranho que um movimento desses nasça justamente no partido que instituiu as alíquotas adicionais. E negar ao novo governador, por mais dois anos, aquilo que o atual ususfruiu por quatro, tem cheiro de retaliação de maus perdedores.
Dois anos – Até a direção da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) admite a prorrogação – pelo prazo máximo de dois anos – porque sabe que não existe alternativa. Esperar que Eduardo Leite tire o Estado da crise com uma arrecadação ainda menor do que a atual é atribuir-lhe poderes sobrenaturais. E, por tabela, chamar José Ivo Sartori de incompetente.
Planejando as férias
O prefeito Kadu Müller deve se ausentar do Município por alguns dias no mês de janeiro. Pela lei, ele só precisa passar o comando do Executivo ao substituto legal, que será o novo presidente da Câmara, Cristiano Braatz (MDB), se a saída for superior a dez dias. Porém, se quiser manter com o Legislativo uma relação mais próxima e cordial, o ideal seria fazê-lo mesmo que o afastamento seja por um tempo menor. Ou sair por duas semanas, pelo menos, e realmente gozar uma parte das férias. A expectativa é grande.
Sem medo – Nos últimos governos, as boas relações entre prefeito e vice tornaram o tema irrelevante. Kadu, quando era vice, não chegou a assumir porque o prefeito Luís Américo Aldana foi cassado antes de completar o primeiro ano de mandato. Aparentemente, ele não precisa temer Cristiano. E se o substituto “aprontar”, pode abreviar o descanso e voltar antes.