Como a maior parte dos impostos gerados no país segue direto para o governo federal e depois retorna a conta gotas para os municípios, há décadas que os prefeitos brasileiros se obrigam a ir a Brasília atrás de verbas para realizar alguma obra. De chapéu na mão, agem como pedintes pela devolução de pequenas parcelas daquilo que deveria ser das comunidades por direito. Esta semana, Carlos Eduardo Müller fez a sua estreia nessa romaria vergonhosa e inevitável. Na agenda, reuniões com ministros, como o do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra (foto), deputados e senadores. Kadu busca dindim para diversas áreas, da Saúde à Educação, da Segurança ao asfaltamento de estradas. E deve retornar hoje com a pasta cheia de promessas, mas a liberação do dinheiro, todos sabem, depende do combalido orçamento da União e da vontade política de sua “majestade”, Michel Temer.
Regras do jogo – Há quem critique a postura dos prefeitos, mas a verdade é que as regras do jogo são estas e não mudarão. Aqueles gestores que se acomodam e preferem não participar da disputa pelos recursos acabam prejudicando as suas cidades, que ficam sem as obras e os serviços que a sociedade necessita, como escolas e postos de saúde, para citar apenas dois exemplos.
Toma lá, dá cá – Por sinal, este é um momento propício para “esmolar”. Uma gorda fatia dos recursos federais está na mão do Congresso Nacional. Os parlamentares podem destinar os valores para obras e projetos nas cidades em que são mais votados, através de emendas ao orçamento da União. Com o presidente Temer novamente ameaçado de cassação, o voto dos deputados a favor de sua permanência no cargo deverá ser “pago” generosamente através da liberação dos recursos dessas emendas.
De cima para baixo – Não há dúvidas de que se trata de uma relação imoral e abusiva, que envergonha a República. O governo usa o dinheiro do contribuinte para comprar votos no Congresso, que, da mesma forma, emprega os recursos para conquistar eleitores. Na ponta, os prefeitos, que não têm poder para mudar a realidade. E, ainda mais abaixo, o cidadão, sujeito às vontades, aos interesses e aos humores de quem manipula o orçamento em proveito próprio, sem maior compromisso com aqueles que verdadeiramente sustentam esta safadeza através do seu trabalho.
Apoio à corrupção – Nas redes sociais, Kadu foi criticado por participar desse “jogo sujo”, já que seria imoral receber uma verba obtida através do apoio de um deputado ao corrupto presidente da República. Nada disso: se o prefeito de Montenegro não tiver projetos para garantir a liberação do dinheiro, o de outra cidade terá. E nós ficaremos chupando o dedo.
Mais do que nunca – Se antes o Município já não tinha dinheiro para investir em obras e precisava recorrer às emendas parlamentares, agora isso é ainda mais necessário. Com a crise reduzindo a arrecadação de impostos e a folha de pagamento inchada pelas alterações feitas no Plano de Carreira do funcionalismo, qualquer migalha faz diferença. Não tem remédio: é preciso buscar o dinheiro onde ele está.
De olho
Gente muito maldosa espalhou nos meios políticos locais que uma nova tentativa de catapultar o vereador Talis Ferreira (PR) está sendo arquitetada. Na Câmara, porém, ninguém sabe de nada ainda. Mas como cassar mandatos está se tornando rotina em Montenegro, melhor dormir com os dois olhos bem abertos.
Cabelo prefeito
Quando decidiu concorrer a vereador, no ano passado, Neri de Mello Pena, o Cabelo, certamente não imaginava que, alguns meses depois, se tornaria presidente da Câmara e, logo em seguida, ainda que temporariamente, prefeito de Montenegro. Foi uma ascenção rápida, mas não totalmente surpreendente. Até aqui, o vereador do PTB tem se mostrado uma pessoa lúcida, de poucas palavras, mas firme e consciente nas decisões. Coisa rara entre os homens públicos de hoje, ouve mais do que fala, o que reduz a chance de errar e compensa, em grande parte, a falta de formação e experiência.
Rapidinhas
* Duas notícias. A boa: depois de quase um ano, a Prefeitura voltou a ter tinta para pintar as faixas de segurança. A ruim: agora falta uma régua para que as marcações não fiquem tortas, como os motoristas constataram no cruzamento da Bruno de Andrade com a Capitão Jacinto José Fernandes, na Timbaúva. Não dá para ter tudo!
* A Câmara de Vereadores ainda não foi notificada para se manifestar na ação em que a defesa do ex-prefeito Luiz Américo Aldana busca a anulação do processo de Impeachment. Significa que qualquer decisão judicial – favorável ou contrária – ainda deve levar um bom tempo.
* Na sessão de hoje, a Câmara de Vereadores vai realizar uma homenagem a um dos clubes mais tradicionais da cidade. Atendendo a requerimento do vereador Felipe Kinn da Silva (PMDB), serão celebrados os 61 anos de fundação do Esporte Clube Renner, que aniversariou nesta terça-feira, dia 17. A sessão comemorativa terá início às 19h, na Usina Maurício Cardoso.
* Raposa velha na política montenegrina, o suplente Márcio Miguel Müller, do Solidariedade, volta à Câmara de Vereadores hoje para uma temporada de 17 dias. Ele assume na vaga de Rose Almeida, do PSB, que está tirando uma breve licença.
Preços iguais
Vereador Joel Kerber vai meter a mão numa combuca de marimbondos. O representante do PP está propondo uma reunião com os proprietários dos postos de gasolina da cidade. Quer saber por que TODOS estão praticando EXATAMENTE o mesmo valor na venda do combustível. Atualmente, o litro sai por R$ 4,19 e encontrar um preço mais atraente poderia ser uma prova de gincana, tamanha a dificuldade.
Cartelização – O questionamento faz sentido, já que as empresas operam em condições diferenciadas, com variações no número de funcionários e nos serviços oferecidos. Logo, têm despesas e encargos diferentes. A única justificativa para a fixação de valores tão semelhantes parece ser a combinação prévia, o que caracterizaria formação de cartel.
Traficâncias
Sábado, por volta das 14h30min, um cidadão de 34 anos foi preso em flagrante pela Brigada Militar por tráfico de entorpecentes. Com ele, os brigadianos apreenderam mais de 8kg de maconha e 61 gramas de cocaína. Além das drogas, foram encontrados três rádios de comunicação monitorando a frequência policial, duas balanças de precisão digital e um aparelho celular com informações das vendas realizadas. Para quem não lembra, o acusado foi cargo de confiança na Prefeitura entre 9 de agosto e 14 de novembro do ano passado. Trabalhou na Secretaria da Saúde.
Varredura – Obviamente que ninguém sabia que o sujeito era envolvido em “negócios paralelos”, mas o medo de uma varredura em seu telefone pessoal está deixando algumas “autoridades” sem unhas.