Todos já sabemos que a crise na economia devorou uma fatia generosa dos orçamentos da União, dos Estados e dos Municípios. E que, na ponta, as principais vítimas dessa mordida são os contribuintes, que não recebem serviços públicos de qualidade e na quantidade necessária. O mais trágico é quando os cortes atingem a área da saúde. A população mais carente, que depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde, é a grande vítima. Faltam remédios, exames e até consultas porque não há dinheiro para remunerar os médicos e os prestadores de serviços. Nessa cadeia, é o governo do Estado quem mais deixa a desejar. Somente para as prefeituras dos cinco municípios da área de cobertura do Ibiá (Montenegro, Brochier, Maratá, Pareci Novo e São José do Sul), o calote é de quase R$ 5 milhões.
Prioridade – Para os usuários, a situação só não é mais grave porque felizmente os prefeitos têm a consciência de que a saúde é uma área prioritária e estão remanejando verbas de outros setores para manter, pelo menos, a atenção básica. Mesmo assim, em Montenegro, o ano foi marcado pelo fechamento de postos e pela redução do volume de atendimentos em outros. Só para a população local, o governo Sartori está devendo absurdos R$ 3.883.313,02, o que equivale a cerca de R$ 60,00 por habitante.
Na Justiça – Diante do quadro, alguns prefeitos resolveram entrar na Justiça contra o Estado, pedindo a regularização dos repasses com a máxima urgência. E embora estejam tendo as suas demandas reconhecidas pelos tribunais, o governo simplesmente não cumpre algumas sentenças, sob o argumento de que não tem dinheiro.
Pagando demais – É muito difícil – e até injusto – esperar que a população compreenda este momento de crise. Os mais atentos já perceberam que pagam impostos altíssimos em tudo que adquirem, do cafezinho às roupas, de energia elétrica aos combustíveis. Basta conferir a Nota Fiscal para perceber que quase um terço do preço de cada mercadoria vai direto para o governo, em todas as suas esferas. Ou seja, o dinheiro existe, mas se falta é porque está sendo mal – muito mal – aplicado.
valores devidos pelo Estado
Brochier R$ 73.000,00
Brochier R$ 73.000,00
Maratá R$ 480.000,00
Montenegro R$ 3.883.313,02
Pareci Novo R$ 192.788,05
São José do Sul R$ 265.259,00
Total R$ 4.894.360,07
Básico – Dá para imaginar tudo que seria possível fazer com os valores que estão em aberto. A secretária municipal da Saúde de Montenegro, Ana Maria Rodrigues, tem se esforçado para que o impacto do calote do Estado seja o menor possível, mas obviamente não consegue atender a todos os pedidos que recebe. A alternativa tem sido a redução da oferta de exames e procedimentos especializados, que, via de regra, já são atribuição do Estado. É o império da lógica. Pena que, com isso, muitos montenegrinos sejam obrigados a enfrentar as gigantescas filas dos hospitais da capital. Como sempre, a corda arrebenta do lado mais fraco.
Rapidinhas
* O secretário municipal de Meio Ambiente, Rafael Almeida, prometeu aos vereadores e cumpriu. Quinta-feira, uma equipe da Prefeitura deu uma geral na Praça dos Ferroviários. Quanto ao pedido de cercamento, não será realizado sem um amplo estudo prévio. Grades não combinam com a expressão “espaço público”.
* Alunos da EMEF Adolfo Schüler entregaram ao prefeito Kadu Müller carta com os resultados de uma pesquisa e sugestões de melhorias para o bairro Panorama. O texto é o resultado de um estudo, realizado pelos próprios estudantes, que apresenta as condições do bairro. Para não decepcionar as crianças e valorizar a iniciativa, seria bom que alguns pedidos fossem atendidos.
* Vereadores que usam as redes sociais para a publicação de seus pedidos de providências, como Valdeci Alves de Castro, do PSB, estão sendo criticados. Alguns internautas consideram a divulgação mera politicagem.
* Nas redes sociais – sempre nelas – há muitas insinuações de que a licitação do transporte coletivo da cidade será um jogo de cartas marcadas. Isso porque um dos homens fortes do governo Kadu, o secretário Rafael Riffel, é parente de um funcionário da empresa que presta o serviço. Alguém vai ter de provar.
* Ex-secretário municipal da Saúde, Luiz Carlos Azeredo, o “Luiz das Remoções”, está deixando o PSB. Por enquanto, vai ficar sem partido, mas já tem proposta de trabalho para as eleições de 2018.
Rápida passagem
Na manhã de sexta-feira, ocorreu a posse de Sérgio de Souza, primeiro suplente da coligação PDT-PR, no cargo de vereador. Motorista de ambulância da Prefeitura, o “Sérgio das Remoções” obteve 802 votos nas eleições de 2016 e irá ocupar, durante 15 dias, a cadeira do titular, Talis Ferreira (PR). A solenidade contou com a presença de lideranças dos dois partidos, como a ex-secretária da Saúde, Elocy Garcia da Rosa; da ex-vereadora Iolanda Hofstätter; e do seu irmão, Paulo Azeredo, que foi vereador, deputado estadual e prefeito de Montenegro.
De volta – O evento de posse foi a primeira atividade oficial a que Azeredo compareceu no prédio da Câmara desde que teve o mandato de prefeito cassado, naquele mesmo plenário, em maio de 2015. Mais magro e grisalho, ele está no aquecimento para as eleições do ano que vem, quando tentará retornar à Assembleia Legislativa.
Sem constrangimentos – A passagem do ex-prefeito pela sede do Legislativo foi “suave”, pois não teve de cruzar com nenhum dos vereadores que cassaram seu mandato. A única remanescente daquele grupo é Rose Almeida, atualmente no PSB, que não compareceu à cerimônia. No último pleito, a renovação da Câmara foi de 90% e muitos pedetistas acreditam que o Impeachment de Azeredo tem muito a ver com isso.
Lazer com segurança
O vereador Felipe Kinn da Silva (PMDB) conseguiu. No domingo, 3 de dezembro, duas quadras da Rua Álvaro de Moraes, a beira do Rio, entre a João Pessoa e a Assis Brasil, serão fechadas ao trânsito de veículos das 15 às 20h, para o projeto-piloto da chamada “rua da convivência”. O objetivo é garantir mais segurança ao lazer dos montenegrinos. O espaço costuma ser muito usado por grupos de amigos e famílias para rodas de conversa e de chimarrão. A presença de carros nestes momentos é perigosa.
Persistente – Felipe vinha defendendo o fechamento da rua aos finais de semana há alguns meses e chegou a promover algumas reuniões na Câmara. A ação do próximo domingo é experimental, mas pode se tornar rotineira se as autoridades e a população acharem conveniente. É a vitória da persistência.
Natal sem enfeites
Tudo bem que a cidade está em crise e que falta dinheiro até para os serviços mais básicos. Contudo, depois de vários anos, nunca se viu Montenegro tão apática em relação ao Natal. A falta de enfeites nas ruas produz até um certo desânimo numa época em que o comércio esperava se recuperar um pouco do fracasso das vendas de inverno, já que o frio não deu as caras por muitos dias. Quando se fala que o poder público deve ser o indutor do desenvolvimento é a esta falta de estrutura que as pessoas se referem. Neste ano, nossos governantes não se comportaram bem o suficiente para merecer presentes do bom velhinho.