A volta do estacionamento rotativo pago no Centro, após sete anos e em novo formato, é um momento histórico, que pode ser visto e experimentado de duas formas. A primeira é a “tradicional”, caracterizada pela crítica vaga e irracional, pela gritaria e pelo choro nas redes sociais, destacando apenas os aspectos negativos da medida. A outra é a “racional”, admitindo que este não é um projeto acabado, que algumas situações vão exigir ajustes e que todos teremos ganhos e perdas com o pagamento pelo uso das vagas. Cada um tem o direito de receber as mudanças da forma que quiser, mas algumas premissas devem ficar bem claras. E a primeira delas é que a cobrança, infelizmente, é um remédio amargo para uma doença chamada “egoísmo”. Então, muita calma nessa hora.
Remédio – A maior parte do comércio de Montenegro está concentrada no retângulo formado pelas ruas João Pessoa e Capitão Cruz, Santos Dumont e José Luiz. Por falta de planejamento e até de incentivo à criação de novos bolsões de negócios, é muito difícil comprar sem ir a algum endereço dentro desse perímetro. Logo, não há vagas para todos os carros. Até porque muitas delas são ocupados pelos donos dos negócios e seus funcionários, que deixam os carros em frente aos estabelecimentos o dia todo. Foi essa falta de visão que levou à criação da Faixa Nobre. Negar é tentar tapar o sol com uma peneira.
Motos – De todas as modificações que a implantação da Faixa Nobre vai produzir, a mais radical diz respeito às motos. Elas só poderão ficar em espaços destinados previamente a elas que, já sabemos, são insuficientes. Além disso, da forma como a cobrança foi projetada, o trabalho de telentrega tornou-se praticamente impossível. Os motoboys não poderão ficar parados em frente a bares e restaurantes do Centro para pegar os pedidos. Tampouco, estacionar livremente junto às casas para fazer as entregas.
Esperar? – O Departamento de Trânsito da Prefeitura diz que vai aguardar para avaliar a situação, pois “no andar da carroça, as melancias se ajeitam”. Justamente no momento em que as telentregas são fundamentais à sobrevivência de muitas empresas, é bom não esperar demais. Seria lamentável se, em meio a toda essa crise, restaurantes e lancherias fossem prejuidicados e motoboys tivessem as motos apreendidas.
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Não é “câmara fria”
Um edital publicado pela Prefeitura na sexta-feira deixou muita gente curiosa. O texto informa a locação de um container a R$ 1.720,00 ao mês, por 90 dias, a partir de 7 de maio, para a Secretaria Municipal da Saúde, diante da pandemia de coronavírus. Algumas pessoas chegaram a sugerir que, em função do aumento do número de casos na região – com 77 somente em Montenegro – o recipiente poderia ser usado para “guardar corpos”. Como isso ocorreu em várias cidades do país, houve quem acreditasse na “hipótese”.
Na tenda – Nada disso! Na estrutura da “tenda” erguida junto à Secretaria da Saúde, em março, foi empregado um contâiner, cuja instalação foi intermediada pela ACI. Mas como as empresas não podem assumir o custo indefinidamente, a Prefeitura decidiu pagar pelo uso a partir do segundo mês. Uma mão lava a outra, afinal.
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“Quórum” reduzido
Devido ao feriado de Corpus Christi, comemorado na quinta, dia 11, a sessão da Câmara ocorrerá nesta quarta-feira-feira, a partir das 19h. Na última, embora já estivesse liberada a participação de até 30 pessoas no espaço destinado ao público, quase todas as cadeiras ficaram vazias. Parece que a população não está disposta a colocar em risco a própria saúde para acompanhar as “atividades” de suas excelências.
Ajuda bem-vinda
Vereador Felipe Kinn da Silva (MDB) está exultante. Na semana passada, graças à intervenção dele, foi anunciada a liberação de R$ 700 mil pelo governo federal. São emendas parlamentares ao orçamento da União, propostas pelo deputado federal Giovani Feltes (MDB). O Hospital Montenegro receberá R$ 400 mil para ações de enfrentamento à pandemia e a secretaria municipal da Saúde, R$ 300 mil. A liberação deve ocorrer em breve.
Na espera – O vereador Joel Kerber (Progressistas) fez um comentário, no mínimo, “estranho”, ao dizer que o HM está recebendo “dinheiro de todos os lados”. De fato, os anúncios de deputados tentando ajudar seus vereadores (cabos eleitorais) nas vésperas da campanha são quase semanais. Contudo, a maior parte das “emendas” ainda não foi liberada. São apenas “boas intenções”, daquele tipo que existe às pampas no inferno.
Ponto facultativo
O prefeito Kadu Müller atendeu a um apelo dos representantes do comércio, da indústria e dos prestadores de serviços. Já está na Câmara o projeto de lei que torna ponto facultativo os feriados de 24 de junho (dia do padroeiro São João Batista) e 31 de outubro (dia da Reforma Protestante). Se a matéria for aprovada pelos vereadores, todas as empresas poderão operar normalmente, com seus funcionários, em ambas as datas.
Ajuda – O pedido dos empresários visa reduzir os prejuízos que o isolamento e as restrições provocadas pelo coronavírus causaram. Cada dia de atividades do setor produtivo é uma oportunidade de vender e de recuperar as finanças. Uma ajuda mais do que bem-vinda.
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Sobre duas rodas
Enquanto esperam pela chegada da caminhonete Mitsubishi de R$ 165 mil, “a la SWAT”, os guardas municipais passam a trabalhar também com motos. Na semana passada, a corporação recebeu duas Cross Trail Honda 20 CV para facilitar as “rondas”. Num trânsito truncado como o de Montenegro, os deslocamentos sobre duas rodas são bem mais rápidos.
Fiscais – De acordo com a Prefeitura, as duas motos custaram R$ 57 mil. Este, sim, é um investimento racional. Ainda mais se a corporação, um dia, assumir mesmo a fiscalização do trânsito.
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Rapidinhas
A vereadora Rose Almeida (PSB) segue afastada das sessões da Câmara. Com mais de 60 anos e portadora de doenças respiratórias, a Covid-19 pode ser potencialmente letal para ela. As faltas, a partir de uma resolução da mesa diretora, estão sendo abonadas.
Que as relações entre Legislativo e Executivo sejam tão fortes e flexíveis em defesa da população quanto a orelha do vereador Valdeci Alves de Castro (Republicanos) sustentando esta máscara contra o coronavírus.
Gustavo Zanatta (PTB) e Cristiano Braatz (MDB) começaram a sair em dupla pelos poucos eventos que ocorrem na cidade. Nas redes sociais, suas aparições vêm acompanhadas da nada discreta hashtag #essaduplapromete.
Se ingressar numa aliança com o PTB e o MDB e não indicar nem o candidato a prefeito e nem o vice, o PDT montenegrino estará dando a maior mostra de humildade de sua história. A legenda sempre considerou mais importante competir do que ganhar.
O tempo passa e nada de a comissão encarregada do processo de Impeachment do prefeito dar satisfações à população sobre a continuidade ou o arquivamento da denúncia. E aí, Josi Paz, Joel Kerber e Felipe Kinn?