Candidaturas definidas. Eleições 2020: foi dada a largada

Passada a maior parte das convenções, começa a corrida pela principal cadeira do Palácio Rio Branco. No dia 15 de novembro, os montenegrinos terão pelo menos quatro opções de voto para prefeito: Gustavo Zanatta, Kadu Müller, Márcio Menezes e Percival de Oliveira tiveram seus nomes confirmados para disputar o poder. Amanhã, porém, o número talvez cresça, caso o PT também indique um concorrente. Embora houvesse muitas especulações sobre a possibilidade de acordos de última hora e até puxadas de tapete, as alianças que vinham sendo costuradas nos bastidores foram preservadas. Nem todos gostaram, mas a verdade é que prevaleceu a vontade da maioria. O recado dos dirigentes é claro: aceitem que dói menos.

Adeus, ideologias – Do ponto de vista ideológico, algumas alianças construídas em Montenegro têm o formato de um Frankenstein. Começou com a união entre o PP, PL e PSB, representados pelo candidato à reeleição Kadu Müller e pela vereadora Josi Paz. Enquanto os dois primeiros partidos se intitulam de Direita, os socialistas, por vocação e imposição histórica, estão na outra extremidade. Em Montenegro, porém, já foram parceiros em 2012 e, durante quase todo o seu governo, Kadu pode contar com dois dos três votos do PSB na Câmara. A sintonia é boa.

Indefinição – A situação mais difícil, até aqui, é a do PT. A legenda realizou sua convenção no domingo, mas não chegou a um consenso sobre lançar ou não candidatura a prefeito e, muito menos, sobre quem seria seu representante na disputa. Há quem defenda a formação apenas de uma boa nominata para a Câmara, mas das 15 vagas disponíveis, somente sete foram preenchidas num primeiro momento. O desfecho será anunciado na noite de hoje.

Mulheres – Apesar das conquistas que as mulheres vêm obtendo nas últimas décadas, na disputa pela Prefeitura de Montenegro, elas ficaram de fora. As quatro candidaturas confirmadas até o momento são masculinas. É entre os vices que elas ganham um pouco de espaço, através de Josi Paz e Eliza Fukuoka. Já nas nominatas para a Câmara, a maioria das legendas teve dificuldade de fechar a cota de 30% exigida por lei.

Cabos eleitorais – Na busca pelos votos, os candidatos a vereador costumam ser excelentes cabos eleitorais das chapas majoritárias. Mas ninguém se engane. Na hora de pedir votos, muitos aspirantes pensam apenas em si. Quando veem que o eleitor pretende votar em um candidato a prefeito que não é o seu, raramente tentam argumentar. Com medo, normalmente silenciam. Outros não têm o menor pudor de, já na campanha, ensaiar sua primeira traição.

As candidaturas já têm slogans:
Kadu – Voa, Montenegro
Márcio – Um novo tempo para Montenegro
Percival – Montenegro unida e próspera
Zanatta – Novos caminhos, nova cidade

Inexperiência – Por outro lado, a união entre PTB e MDB não enfrenta este tipo de questionamento. As duas legendas são do mesmo campo político e atuaram de forma sintonizada na Câmara, em geral, garantindo quatro votos contra o prefeito Kadu. O “calcanhar de Aquiles” da dupla é a falta de experiência administrativa. Zanatta foi vereador de 2013 a 2016 e concorreu a prefeito há quatro anos, chegando em terceiro.

Desconhecidos – Já o PSDB de Márcio Menezes e Eliza Fukuoka não fez coligação e concorre com chapa pura. Neste caso, o grande desafio dos dois é se tornarem mais populares. Menezes é de Rosário do Sul e atuou no governo Paulo Azeredo, mas nunca foi desafiado pelas urnas. Muita gente ainda não o conhece, assim como a sua vice, que é enfermeira. Numa campanha curta, isso pode ser um problema.

Interior – Se a quantidade de mulheres entre as candidaturas majoritárias é pequena, pior ainda é a representação do interior. Entre os oito aspirantes a prefeito e a vice, apenas uma (Josi Paz) é identificada com o interior, que concentra quase 20% do eleitores. O número de concorrentes à Câmara de Vereadores oriundo do meio rural também é muito reduzido. Culpa dos próprios produtores, que não se organizam politicamente.

Façam suas apostas – Encerrada a fase crítica das definições, os candidatos agora lutam contra o tempo para vencer a burocracia necessária ao registro das candidaturas. A corrida começou. Que vença o melhor!

Candidatos a vereador por partido
PP – 12
PSB – 13
PL – 6
PDT – 15
REP – 15
PSDB – 12
PT – 7
PTB – 14
MDB – 15
TOTAL – 109
* Números ainda podem mudar

Opostos – Nenhuma aliança, porém, é tão contraditória quanto a do Republicanos com o PDT. O partido do candidato Percival é, hoje, reduto de muitos bolsonaristas convictos, inclusive dos filhos do presidente da República. O PDT, de Ciro Gomes, representado em Montenegro por Ademir Fachini, o vice, é um dos mais duros críticos do governo. A tal ponto de o presidente nacional da legenda, Carlos Luppi, ter ameaçado de intervenção os diretórios que se aliarem nas eleições a representantes do “bolsonarismo”. Será que ele já sabe?

Pedra – A adesão a Percival também tem forte resistência entre alguns candidatos a vereador pelo PDT, liderados por Adairto da Rosa, o Chacall. Ele costumava se referir ao agora “aliado” com adjetivos nada edificantes. Também já avisou que não pedirá votos para a chapa majoritária. Sem dúvida, um cascalho no sapato da coligação.

Rapidinhas
A Câmara de Vereadores fará uma justa homenagem à professora Áurea Noval, que dará nome à Escola de Educação Infantil do Bairro Centenário. Pena que a obra está parada. A “criança” será batizada antes de nascer.

A comissão encarregada do processo de Impeachment do prefeito Kadu, que não concluiu seu trabalho em virtude da pandemia, vai levar todo o material que juntou ao Ministério Público. É muito papel e nenhuma prova.

Ajuda aos transportadores escolares, parados por causa da pandemia, não sairá do papel. Prefeito quer que o vereador Felipe Kinn da Silva (MDB), pai da criança, assine um ofício “autorizando” a Prefeitura a destinar os R$ 75 mil que cabiam a ele nas sobras do orçamento da Câmara em 2019 para esta finalidade. É uma armadilha.

Já é “esquisito” que os vereadores indiquem onde a Prefeitura deve gastar um dinheiro que, na verdade, é do contribuinte. Fazer isso em meio à campanha eleitoral é cassação de registro na certa.

Mesmo em época de campanha eleitoral, quando os ânimos ficam acirrados, chamar candidatos de corruptos sem provas pode levar a processos e a pesadas indenizações por danos morais. #ficaadica

Com 109 candidatos para dez vagas, corrida pela Câmara de Montenegro é mais disputada do que muitos vestibulares. Com a vantagem de que não precisa nem ter Ensino Médio como pré-requisito.

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