Ainda que haja uma queda no efetivo da Brigada Militar no Vale do Caí, é errado dizer que a corporação não está conseguindo enfrentar a criminalidade de forma a garantir o sossego da população. Quem diz é o tenente-coronel Ronaldo Buss, comandante regional da BM. Ele divulgou um texto comentando notas publicadas nesta coluna na última segunda-feira, sob o título “Em busca de reforços”. Segundo o oficial, no que diz respeito aos crimes letais intencionais (homicídios e latrocínios), tivemos 46 casos em 2016, o que representa 10,39 casos para cada grupo de 100.000 habitantes. Em Porto Alegre, por exemplo, este índice fica em torno de 43 só para homicídios.
Indicadores positivos – De acordo com o oficial, existem outros indicadores apontando que, apesar de tudo, a Brigada Militar tem conseguido deter o avanço da violência na região. Em roubos a transporte público, de 14 casos registrados em 2015, o índice pulou para apenas 15 no ano passado. Já os roubos a estabelecimentos comerciais, financeiros e de ensino, que somaram 94 em 2015, subiram para 95 em 2016. Os furtos e arrombamentos, em 2015, foram 716 contra 615 registrados no ano passado. “São apenas alguns exemplos, em um universo um pouco maior, e ainda considerando um déficit de efetivo de 8% anuais”, ressalta Buss.
Mobilização – O tenente-coronel ressalta que toda mobilização de lideranças políticas, empresariais e sociais, em busca de melhores condições para nossa região, é sempre bem vinda. “Só não concordamos que o argumento para isso seja a ilusória ideia de que não temos como enfrentar a situação e que atualmente estamos vivendo como se nossos esforços fossem insuficientes para proporcionar tranquilidade local para nossa população”, pondera.
Gestão – Buss admite que o efetivo reduz em quantidade ano a ano. “Mas também é verdade que nossos gestores locais estão comprometidos na busca de soluções, contando com o esforço de nossos guerreiros, para que a região se mantenha, por muitos anos ainda, como o ‘Vale da Felicidade’”.
Integração – O oficial ressalta que existe um grande diferencial no Vale do Caí: a integração das forças de segurança e a permanente vigilância da nossa comunidade, denunciando, informando e agindo conjuntamente na busca de soluções. “Vários são os canais de comunicação que nos ligam e nos manterão sempre em alerta. Você e seu vizinho têm nos ajudado a qualificar nosso trabalho na cidade ou no campo. Me parece que isso os bandidos também precisam ler e saber”, reforça o tenente-coronel.
Aviso houve – Ex-comandante regional da BM, o coronel Leodimar Aldo Mantovani também comentou o assunto. Especificamente a falta de montenegrinos entre os alunos da Escola de Formação de Soldados. “Antes mesmo de o concurso ser divulgado, fui às cidades do Vale do Caí e divulguei pessoalmente aos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores a notícia, e pedi que se envolvessem com o tema, para que os jovens tomassem conhecimento e se inscrevessem”, recorda.
Aluguéis – O objetivo do comandante era justamente prover os efetivos com pessoas oriundas das localidades, pois naturalmente as pessoas tendem a voltar aos seus locais de origem. “No Vale do Caí, os preços dos imóveis são elevados demais, tanto para locação como para compra”, observa o oficial. Levando em conta que não existem montenegrinos entre os 420 agentes em formação, o apelo parece não ter sido levado a sério. Ou, se foi, os representantes políticos não foram competentes na divulgação. “O resultado temido por mim à época se concretizou e o Vale do Caí vai amargar a falta que eles farão. Enquanto as cidades não se mobilizarem ANTES DOS CONCURSOS, a situação não vai mudar”, avisa.
O direito dos taxistas
Sobre as disputas envolvendo taxistas e motoristas do aplicativo Uber, o sempre lúcido promotor de Justiça aposentado Ernesto Arno Lauer, leitor desta coluna, faz alguns comentários. Segundo ele, a lei 12.468/2012 estabelece que a utilização de veículo automotor, próprio ou de terceiros, para o transporte público individual remunerado de passageiros, é atividade privativa dos profissionais taxistas. “Sem uma adequação legislativa, mesmo municipal, o Uber não pode funcionar em Montenegro”, alerta Lauer.
Ampliação dos serviços – Lauer abomina a violência, mas ressalta que os taxistas estão corretos na sua reivindicação. “Os vereadores e o pessoal do trânsito da Prefeitura devem ser sensíveis ao problema. Por que, até hoje, não aumentaram o número de taxis em Montenegro; por que não licitaram placas para o interior do Município?”, questiona. “Se há carência, vamos preservar o que temos (serviço de taxi), aumentando o seu número”, sugere.
Satisfação – A necessidade de alteração da legislação já havia sido abordada neste espaço, mas ainda não sensibilizou nenhum dos nossos “operosos e dedicados” políticos. De qualquer forma, é importante ouvir a comunidade sobre o seu nível de satisfação com os serviços que os taxistas já oferecem.
O privilégio dos servidores
O nível de exigência dos consumidores vem crescendo ao longo dos anos. Infelizmente, a prestação dos serviços públicos não acompanha a tendência. Não se justifica mais, hoje em dia, o fechamento de todas as repartições na manhã da Quarta-feira de Cinzas. Quando todos os demais trabalhadores cumprem jornada normal, servidores públicos permanecem em casa, supostamente para recobrar as energias perdidas durante o Carnaval. Um ab-sur-do.
À disposição – São situações deste tipo que, muitas vezes, fazem a sociedade se posicionar contra as reivindicações do funcionalismo público, mesmo quando são justas. O cidadão deseja que os serviços estejam à sua disposição quando ele precisa e não quando o gestor acha que deve oferecê-los.
Sambando
As equipes das secretarias de Viação e de Meio Ambiente “sambaram” loucamente durante o Carnaval, fazendo a limpeza do Parque Centenário, do Cais do Porto e de diversos outros pontos onde o mato ditava o ritmo da “folia”. A Escola de Samba “Unidos da Peçonha”, formada por cobras e escorpiões, teve de debandar diante da “harmonia” das máquinas de cortar de grama e aparadores. Espera-se que o próximo “desfile” não ocorra somente na Páscoa.
Compensação – Embora as tarefas tenham sido realizadas no sábado e na segunda-feira, não haverá pagamento de horas extras. Os responsáveis pelo serviço foram apenados do regime semiaberto, coordenados por funcionários com Cargos de Confiança, que não têm direito a remuneração extraordinária. No máximo, terão as horas a mais compensadas com folgas.
Rapidinhas
* Em suas andanças no Carnaval, o professor José Breno da Cruz, assessor especial do prefeito, deparou-se com um ninho de cobras em São Francisco de Paula. Ele publicou uma foto e comentou: “este é em São Chico, mas tem muitos outros “ninhos” por aí.”
* Crescem, nas redes sociais, reclamações contra a Corsan. Os trabalhadores fazem o conserto das redes, mas deixam restos de materiais nas ruas e, não raro, as calçadas quebradas não são recuperadas. As últimas queixas surgiram na Tristão Fagundes. A fiscalização da Prefeitura deve agir nestes casos.
* Se a realidade pode gerar dúvidas, os números esclarecem. Em 2016, o governo do Estado gastou 5% menos do seu orçamento na área da Saúde. Não é à toa que as prefeituras estão tendo de assumir cada dia mais obrigações. E como também estão em dificuldades, a corda arrebenta nos doentes. Como sempre!
* A Prefeitura Municipal de Caxias tentou fazer aquilo que, na maioria das empresas, é rotina: exigiu que os médicos pagos pelo contribuinte comecem a bater ponto. Alguns “doutores” ficaram tão bravos que ameaçaram entrar em greve. Para estes “profissionais”, pelo jeito, a saúde da população pouco importa.