Quando estava na faculdade, numa noite entediante, decidi fazer uma complexa pesquisa de campo acerca da educação e da falta de calor humano entre os próprios humanos. Bem no fundo, quando decidi aplicar a pesquisa, já sabia do resultado, mas como não estava afim de ir à aula e precisava “matar tempo”, apliquei minha super pesquisa.
O estudo consistia em abrir a porta do laboratório de informática para que as pessoas pudessem passar. Nada mais do que uma gentileza. Iria abrir a porta para que as pessoas passassem e ver se alguém iria agradecer. Se a pessoa agradecesse, avaliaria se o agradecimento seria apenas por agradecer ou se quem recebeu a gentileza olharia em meu rosto para agradecer. Não esperava sorrisos ou algo similar.
Fiz diversas vezes o procedimento, para várias pessoas. Parava na porta e fazia um gesto com a mão, dando a entender que a pessoa poderia passar livremente sem preocupar-se em ter que abrir ou segurar a porta.
Não contabilizei o número de pessoas que passaram por mim, mas foram várias!
Três delas agradeceram de forma tímida, passando como se estivessem correndo uma maratona, porém ninguém olhou em meu rosto ao dirigir a palavra a mim.
Grande parte das pessoas, ao avistar a porta aberta, acelerava o passo, igual muitos fazem com seus carros quando percebem que a luz amarela do semáforo acende. Passavam correndo, só faltavam esbarrar em meu corpo e xingar por estar ocupando lugar que poderia servir de passagem.
O que pude concluir com esta grande pesquisa?
Que, cada vez mais, estamos correndo, sem olhar ao nosso redor. Essa correria faz com que percamos as belas coisas que a vida pode nos dar. Um sorriso ou uma gentileza. Um gesto bacana acaba se perdendo na busca desenfreada em correr atrás do relógio.
Vivemos buscando por tempo, que nunca alcançamos, que nunca conseguiremos fazer voltar e, quando cairmos na realidade, talvez o tempo perdido nesta maratona desenfreada seja apenas saudade de coisas que tivemos e nunca soubemos, pois estávamos correndo e sequer vimos passar, o tempo.