Segundo pesquisa conduzida por Carolina Costa Morais, a partir de dados do IBGE, por meio de pesquisa nacional de saúde (PNS), da pesquisa nacional de saúde escolar (peNSE) e da pesquisa de orçamento familiar (POF). O estudo identificou que 4 milhões de meninas sofrem com pelo menos uma privação de higiene nas escolas. Isto inclui falta de acesso a absorventes e instalações básicas, como banheiros, sabonetes e papel higiênico.
Era final dos anos 80 e início dos anos 90, em minha frente na sala de aula uma menina acabava de sair correndo para o banheiro. Fiquei sem entender, até que um menino em sua inocência gritou: “Professora olha o sangue na cadeira”, nem preciso dizer, todos sabem como são as crianças. Quando minha colega entrou novamente na sala todos os olhares foram em sua direção. Lembro que ela ficou muito triste e brava no mesmo tempo em que era abraçada pela professora que tentava acalmá-la.
Fui contatada pelo doutor em Direito Jorge Fernandes sugerindo-me que fosse feita uma indicação para distribuição de absorventes na rede pública de ensino e também nas UBS’s. A partir deste momento comecei a pesquisar sobre o assunto e fui atrás de pessoas que estão na linha de frente. Após conversar com o secretário da Habitação, Luiz Fernando, saí com a certeza de que precisávamos avançar nesta pauta urgentemente.
No dia 11 de maio encaminhei ao executivo Municipal uma indicação de distribuição gratuita de absorventes na rede de saúde pública e nas escolas do município. Já na semana seguinte me reuni com o Prefeito Gustavo Zanatta para tratarmos deste assunto, dentre outros. O mesmo se mostrou totalmente solícito a esta pauta, entendendo a necessidade de levarmos adiante este projeto.
Levei para alguns empresários da nossa cidade o projeto na busca de apoio, todos aqueles com os quais dialoguei se mostraram totalmente favoráveis em ajudar. Sabemos também que, além das parcerias público-privadas, os estados e os municípios podem através de dotações orçamentárias destinar parte do dinheiro para projetos como este. Estamos falando de uma questão de saúde pública.
Estima-se que 1 em cada 4 meninas já faltou à aula por falta de dinheiro para comprar absorventes. Algumas utilizam roupas velhas, pedaço de pano de chão, papel higiênico, jornais e outras até deixam escorrer pelo corpo. Algo inaceitável principalmente para nós, montenegrinos, que temos uma rede de saúde básica, se não a melhor, uma das melhores do Estado.
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde colocam Montenegro nas primeiras colocações em gastos com a saúde no Vale. Apesar da pandemia ter aumentado consideravelmente a pressão sobre a estrutura básica e hospitalar, podemos dizer que conseguimos dar conta do recado.
É hora de começarmos a avançar em políticas públicas eficientes, como disse o Ministro Paulo Guedes: Não deixaremos ninguém para trás. Com coragem e responsabilidade fiscal avançaremos na busca de melhorias para nossa cidade. Viemos de muitos governos que ficaram só no papo a questão social e ambiental, agora temos a chance de realmente efetivá-las.
Para concluir, digo que não são apenas números, é uma triste realidade de algumas meninas montenegrinas, que conheço muito bem. Tenham nesta vereadora uma árdua guerreira na busca de dignidade social e ambiental em nossa cidade.