Muita coisa mudou, e algumas são definitivas. São poucas semanas desde que começamos a sentir, de fato, os impactos da pandemia do novo coronavírus no Brasil, mas aquela realidade em que vivíamos nunca esteve tão distante. Mesmo para aqueles que não pararam de trabalhar porque fazem parte da fatia que presta serviços essenciais, ou para quem já trabalhava remotamente antes da Covid-19 chegar tão próxima, as mudanças são visíveis.
Sim, é difícil nos adaptarmos ao que é novo! É meio assustador também. Mas as transformações que nos são impostas acabam fazendo com que mudemos muito. Nossos hábitos já não são os mesmos. Lavar as mãos tornou-se muito mais frequente, usar máscaras para realizar tarefas simples, como ir ao supermercado, agora é imprescindível. Todo cuidado é pouco, e quem está atento às informações sobre a situação mundial sabe disso. Não é paranóia. É precaução. – Apesar de que acho que todo mundo acabou ficando um pouquinho paranóico. E isso também é natural nessa situação. É como um instinto primitivo de sobrevivência.
Mas, dentre tantos costumes cotidianos que já não são mais os mesmos, certamente os mais impactados foram os hábitos de consumo. A impossibilidade de ir às lojas nos deixa com vontade de dar aquela passeio, “só pra dar uma olhada”. Eu sei! Eu, particularmente, sou apaixonada por lojas de utilidades (ou as lojinhas de 1,99). São universos mágicos para uma manhã de sábado. Mas também sei que estou impossibilitada de descobrir novos objetos entre tranquilas passadas pelos corredores. Então, guardo meu dinheiro para quando for possível novamente. Paciência!
Porém, nessas restrições impostas pela pandemia, a gente começa a filtrar o que é realmente necessário e o que é puro capricho, puro consumismo. Os caprichos são importantes, afinal, merecemos nos fazer felizes, mesmo que seja com algo completamente desnecessário. Mas agora descobrimos que podemos viver sem muitas coisas que antes pareciam imprescindíveis. Deixamo-las para logo ali a diante. Começamos a pensar melhor antes de gastar nosso dinheiro, e fazemos de forma inteligente.
E não é apenas o que comprar ou quanto pagar que está em jogo nesse momento. Isso pessoas mais organizadas financeiramente já ponderavam há tempo. Onde comprar, agora, é um fator importante aos consumidores. As pessoas estão observando a postura dos empresários diante da pandemia, e isso impactará na escolha futura por aquele estabelecimento ou serviço. A forma como estão se portando; a manutenção dos preços em tempos de exceção; a importância que as empresas, mercados, farmácias, prestadores de serviços e comércios estão dando à higienização, segurança dos clientes e, principalmente, dos funcionários são tema de debates nas redes sociais, seja em rede aberta ou privada. Essa postura tomada agora, durante a recessão, terá impacto direto nas escolhas dos consumidores quando a economia voltar a girar com força.
Os empresários – de todos os setores – precisam estar atentos às mudanças desses hábitos de consumo. Isso, certamente, ajudará a definir se a empresa terá o respeito e fidelização de seus clientes e, consequentemente, se ela crescerá. Aquelas que estão dando atenção às recomendações vêm recebendo elogios nas redes, porque o cliente observa. Ele está mais exigente sobre seu consumo. Ainda em 2018, a Pesquisa “Panorama do Consumo Consciente no Brasil: desafios, barreiras e motivações”, do Instituto Akatu, mostrava que mais da metade dos consumidores brasileiros compartilhava informações sobre empresas ou produtos. E isso vinha aumentando.
Nas últimas semanas, algumas atitudes, como adquirir diretamente dos produtores e comprar em pequenas empresas, sobretudo das locais, são incentivadas. E os consumidores certamente estarão prontos para ajudar as empresas a se manterem, desde que sintam que ela vale a pena.
Muita coisa mudou. Os hábitos mudaram. E a postura das empresas, diante de um cenário globalizado e totalmente conectado, precisa se adequar ao momento, que é de união, empatia e proteção.