“A AstraZeneca dói. Não quero.”
“A Coronavac é VaChina. Não tomo.”
Assim, o sommelier de vacina – aquela pessoa que, desde o último ano, decidiu escolher a dedo a marca ou a fabricante do imunizante que deseja tomar – segue desdenhando dos avanços da ciência e provando que a ignorância e as fake news também matam.
O sommelier de vacina provavelmente já tomou um porre de vinho e no dia seguinte ficou imprestável. Aguentou firme a dor de cabeça, as náuseas e a lazeira. Ele também, possivelmente, come aquele podrão sem nem saber direito o que tem dentro ou em que condições sanitárias foi feito; e ainda se gaba de ter um baita estômago, que aguenta qualquer coisa.
Já vi também acontecer com pessoas que, no pré-2020, chegavam aos eventos sociais e bebiam qualquer coisa que lhes era oferecido, sem sequer questionar o conteúdo. Esses mesmo, que acham super bacana viver “perigosamente”.
Não confunda! Não estou falando daquelas pessoas que não podem receber um imunizante específico por recomendações médicas. Como as gestantes, ou em caso de prevenção a uma possível reação adversa por alergias, por exemplo. A essas pessoas é reservado, inclusive, um montante de vacinas específico de acordo com suas necessidades.
O caso é que o sommelier de vacina é aquele que quer escolher a sua sem motivo plausível. Apenas “porque sim”. Este, meus caros, não passa de um ignorante que acha que a ciência – e os profissionais de saúde – estão ao serviço do seu umbigo. Ele atrapalha o processo de imunização, e é, também, responsável pelos baixos níveis de vacinação no seu respectivo grupo.
Esse cidadão será co-autor de uma possível nova onda de contaminação. Sim! Porque enquanto ele quer escolher marca de imunizante como se fosse uma blusinha na vitrine, o vírus da Covid-19 segue se alastrando a uma velocidade e capacidade de adaptação que amplia significativamente os riscos a toda população. Enquanto isso, o sommelier de vacinas está com o nariz dentro da taça da própria ignorância, servindo de chacota àqueles que compreendem os procedimentos e rigores científicos que já levaram à aprovação dos imunizantes por hora aplicados na população.
Devemos lembrar que ainda não superamos a pandemia. Os hospitais cheios e com profissionais exaustos estão aí para provar. Temos, sim uma perspectiva de superar essa, que é uma das maiores crises sanitárias da História, se todos colaborarem. Não é o momento de escolher. É a hora de receber o imunizante que estiver disponível, confiar na sua eficácia, fazer a dose de reforço e, claro, seguir respeitando as orientações de distanciamento, uso de máscara e higienização, até que as autoridades de saúde considerem seguro que voltemos à normalidade – agora tão distante – conhecida antes da pandemia. Porque vacina boa mesmo, é vacina no braço!