Hoje, quarta-feira, é o dia simbólico de Mercúrio, planeta regente do meu signo: Virgem. Mas eu nasci em uma segunda-feira, dia simbólico da Lua, e, sexta-feira agora, claro, é meu aniversário. Ah, e como nasci em 1984, também nasci sob o signo chinês do Rato de Madeira.
A primeira vez que fiz meu mapa astral, descobri que dos meus “planetas” regentes, quatro estão na constelação de Virgem, junto com meu ascendente. Sol, Lua, Mercúrio, Vênus e ascendente… todos em Virgem. O que isso significa? Provavelmente nada. Mas é interessante ver como criamos esses tipos de associações entre astros, virtualmente eternos, e nossa vida particular, tão ínfima e fugaz como é.
Esse tipo de associação e o viés de confirmação andam juntos, de mãos dadas. Pois tendemos a ignorar todos os pontos que destoam e focar apenas nos que convergem àquela personificação, aquele traço do astro em nós. Isto é, toda vez que um virginiano fica enfurecido e perde a razão, ninguém associa isso ao seu signo, mas quando age de forma metódica, claro, fez isso porque “é de Virgem”. São confirmações seletivas.
Porém, não estou aqui para falar do mérito ou demérito dos efeitos dos planetas em nossa vida, mas das coisas que selecionamos e escolhemos acreditar. Porque temos uma crença seletiva também. E, de olhos entreabertos, rejeitamos certas verdades e nos agarramos a outras que confirmam o que queremos que elas confirmem. E isso acontece em todas as esferas de nossas vidas. Quantas esposas que sofrem abuso são levadas a ignorá-lo, a mentir para si mesmas e ver somente os poucos pontos positivos (que não compensam nunca o abuso) do marido? Quantos religiosos se apegam a uma pequena parcela de sua religião, que dá benefícios, mas ignora a outra parte que exige sacrifícios? Quantas vezes mentimos para nós mesmos que algo está bom, apegando-nos aos poucos detalhes positivos daquela experiência, sendo que, no geral, está horrível? Nós vivemos no conforto. A zona de conforto não é um local confortável, ainda que pareça paradoxal essa frase. O conforto está em não se mexer, não lutar, não fazer nada. Em mentir para si mesmo todos os dias, de que está tudo bem.
Aceitar os desafios que a vida proporciona é o primeiro passo para sair dessa falsa zona de conforto, vamos chamá-la assim, para quebrar a bolha na qual se vive e enxergar a realidade por trás daquela ilusão de “coisas boas”. Destruir essa crença seletiva é imperativo para uma vida realmente feliz. A ignorância não é a uma benção, é uma maldição. Pois o pior escravo é aquele que não sabe que está preso. E, acredite, só é possível sentir as correntes se começarmos a nos mover.
Por isso aceite que sua vida pode sim estar ruim. E que você pode mudá-la vendo isso e enfrentando, de cabeça erguida, esses problemas. Ter coragem não é não ter medo, mas vencê-lo. Sobrepujá-lo de forma que ele não tenha mais domínio sobre você. Lute a boa luta e mude o que há de ruim na sua vida. Mas, primeiro, abra os olhos. Pare de fazer associações seletivas. Abra os olhos e veja a vida maravilhosa que lhe espera ali na frente.