Na minha época de pré-adolescência e adolescência eu passei a maior parte do meu tempo na biblioteca pública de Montenegro. Era lá onde havia os maiores segredos do mundo para eu desvendar. Uma coleção de conhecimento e de sabedoria estava ao meu alcance. Foi lá que me apaixonei por livros, de um modo geral. E, claro, foi lá também que tive contato, pela primeira vez, com ensinamentos Ocultistas propriamente ditos.
Meu pai sempre fora religioso, e também Ocultista. Fora dele que herdara essa sementinha, esse gosto pelo Oculto. E, ainda que para muitos, as palavras religião e ocultismo pareçam inconciliáveis e, até mesmo confrontantes, deixo claro aqui que ninguém é capaz de compreender as coisas de Deus sem compreender o Oculto.
Quando, em uma entrevista a uma rádio, o locutor me perguntou o que era Ocultismo, recordo de ter-me embananado para responder. Afinal, eu era mais novo, era bom em escrever, péssimo em falar e, ainda por cima, não esperava aquela pergunta. Na época expliquei que o Ocultismo é o estudo das leis da vida e do Universo intangível. E, hoje penso que dei uma boa definição naquele dia.
Os livros mais incríveis e mais bonitos que eu já pus as mãos, com certeza são os livros sobre Ocultismo. O conhecimento daquilo que não podemos tocar, mas podemos sentir, é um separador de águas para quem quer realmente entender Deus mais profundamente. Ocultismo é a ciência da vida, como dizia Madame Blavatsky.
Geralmente as pessoas comuns associam Ocultismo à magia, mas ele não é magia, ainda que a magia possa ser uma de suas ferramentas, porque trata daquilo que não podemos ver. E também as pessoas comuns tendem a associar magia com feitiçaria ou qualquer outra coisa baixa e vil que lide com forças ruins. Também não é o caso. O religioso não imagina que, quando dobra os joelhos e entoa cânticos e ladainhas, ou quando anda pela nave da igreja balançando incenso e entoando cânticos está, obviamente, praticando magia; dê ele o nome que quiser, mas é isso é magia.
Durante o período medieval e depois durante o iluminismo, diversos grimórios (livros com conhecimento e fórmulas mágicas) surgiram, trazendo um mundo novo aquele povo. Um conhecimento vindo em sua maior parte do oriente médio, depois do contato inicial através das Cruzadas. O que muitos religiosos talvez não saibam, por não estudar Ocultismo, é que a maioria desses grimórios mágicos trata sobre Deus, Anjos, a sabedoria de Salomão e Alquimia. Alguns poucos tratam sobre Demônios ou coisas negativas.
A própria Alquimia vem de um trabalho religioso. O Alquimista trabalhava em seu laboratório, cuja palavra nasceu de um local onde ele trabalhava (Labor) e rezava (Oratório), porque para ele, os dois processos eram inseparáveis para praticar a Grande Obra de Deus.
O estudo do Oculto em sua forma mais elevada dá chaves para o entendimento de muitos textos e conceitos que, a olho nu, jamais entenderíamos. E quando um religioso diz que, para compreender um texto bíblico, ele só precisa orar e pedir entendimento a Deus, ele não sabe que o que está fazendo é Teurgia; que também é magia, que está no Ocultismo. Por isso liberte-se dos preconceitos. Estude, cresça e evolua.