Uma vez que a ação criadora de Deus é como os raios de que dão forma a tudo através de sua arte, essa luz da Consciência, sobre a dualidade ilusória da Manifestação, é natural que forme Sombra, alegoricamente falando.
Essa Luz da Consciência, a verdadeira vida, é diferente da personalidade, que é a Sombra, por assim dizer. Sombra no sentido de que é o resultado da Luz da Consciência sobre a dualidade, a matéria surgida do ação de Deus. E, enquanto a Manifestação, que é de dualidade ilusória, tem tempo, pois é finita, porque é apenas uma ação, a Consciência é perpétua, porque é Luz que vem do próprio Deus, de seu aspecto. É Deus experimentando a vida, a Si mesmo, realizando-Se em sua criação. Portanto, sendo a Consciência um aspecto inerente de Deus, e não uma ação, é para sempre.
A Consciência é muito parecida com o que os antigos nomearam de “espírito”, mas, mais perfeitamente, é o que os sábios chamaram de “Sopro da Vida”. A diferença entre um e outro é que, enquanto o “espírito” tende a ser nossa cópia espiritual, uma alma que segue além do corpo depois da “morte” mantendo nossas características, personalidade e memórias, o “Sopro da Vida” é uma força que vem da divindade e anima e dá vida ao ser humano. Porém, nesse ponto é importante salientar que não é a vida comum, dada a todos os animais, plantas e qualquer outro ser vivo; a vida essa é a Verdadeira Vida, que é a Consciência e imortal.
Todavia a Consciência não é o pensamento humano, a personalidade, as emoções e lembranças. Isso tudo é a Sombra, porque emoções, lembranças e pensamento são coisas que ocorrem dentro da Manifestação, da ação e, portanto, são temporárias. A Consciência é a verdadeira essência da vida, é a certeza interna de que você existe, que você é você. Uma sensação de perceber, de ser ciente de tudo o que acontece. Aquela habilidade de “ver de fora”.
Um aspecto muito parecido que é possível relacionar é o sonho. Nele você é capaz de viver uma vida completamente nova, com outras memórias, outras pessoas e, em momento algum, você questiona aquela vida, nem duvida de sua veracidade. E mais: Você sequer se lembra de sua vida de quando acordado. Aquilo tudo é verdade e você vive intensamente aquela outra personalidade na qual está; porém, em nenhum momento você também questiona a sua existência. Você sabe que você existe, que você é você. Não o seu nome, nem o que faz acordado, mas que você é essa pessoa, esse ser que percebe o mundo. Essa é a Consciência. A única coisa verdadeiramente real e imortal.
Quantos sonhos você teve onde era aterrorizado por um ser e fugia dele como se fosse real? Ou então se apaixonou perdidamente e amou com todas as forças alguém que só existia naquele sonho? Pois essas são as facetas da ação, da criação de Deus, e não sua Verdadeira Vida, que é a Consciência. Porque, mesmo nesses sonhos, apaixonado por aquela pessoa que não existe, você sempre se percebe, sabe que é você lá. Uma assinatura única, uma identidade eterna de que você é você.
Sei que fui diversas vezes redundante no texto acima, mas é muito complexo e difícil de transmitir esse conhecimento, porque ele é muito desafiador para a mente racional. Mas, sabendo disso, você entenderá que jamais deixará de existir, não importa quantas vidas viva, você jamais deixará de saber que você é você, porque a morte é ilusão.