Duster Oroch: uma picape com prós e contras

Vendida por cerca de R$ 80 mil, a Renault Duster Oroch com câmbio automático é adequada para quem tem necessidade de uma caçamba média (é possível levar uma moto em pé com auxílio de um extensor de caçamba ou uma bicicleta sem a roda dianteira) seja para fins de lazer ou de trabalho. A capacidade de carga é de 650 quilos. Também é uma opção a ser considerada por quem circula em estradas de chão ou até mesmo rodovias malconservadas — caso, por exemplo, do trecho urbano da RSC-287 em Montenegro, que se torna um “queijo suíço” depois de dias de chuva, como têm sido desde a semana passada. Ter um utilitário não é apenas questão de status ou dirigir numa posição mais alta, mas também enfrentar os buracos do dia a dia com menor preocupação e mais conforto.
Se você se preocupa com despesa no posto de combustível, leve em conta que o consumo médio oscila entre 9 e 10 km/l de gasolina em trânsito rodoviário sem carga. Nos cerca de 500 quilômetros de testes do Ibiá Motores com uma unidade cedida pela Renault do Brasil, a picape se mostrou versátil em diversas situações de uso (nenhuma delas severa). É fácil perceber que a suspensão é um dos pontos fortes. O utilitário transita em ruas de calçamento irregular com facilidade e sem comprometer o conforto dos ocupantes. Foi o que se viu na rua Florindo Machado, no bairro Centenário, e arredores, onde o pavimento é para lá de ruim.
Em estradas de chão, o Ibiá Motores percebeu o mesmo nível de eficácia, porque a buraqueira, as pedras e outras irregularidades do piso são foram bem absorvidas e, ao mesmo tempo, a estabilidade se manteve firme, observados os limites de velocidade. Os pneus, de uso misto, 215/65, calçados em aros de 16 polegadas, colaboram neste sentido.
É nessas ocasiões fora dos núcleos urbanos que picapes dão de relho em veículos de passeio. Em rodovias, a Oroch manteve trajetória firme e segura mesmo nas curvas fechadas e em velocidade. Parece que você está ao volante de um carro de passeio, porque ela fica na mão, a carroceria não balança (há somente leve inclinação), como se vê em muitos utilitários de mais idade.
A Renault conseguiu chegar a esse comportamento de automóvel nas estradas asfaltadas em função da suspensão traseira independente, do tipo multilink, que privilegia estabilidade e conforto, e também devido ao chassi monobloco, ou seja, a estrutura de base é uma peça só, como se vê nas picapes maiores.
Na rotina do dia a dia, o motor 2.0 16V, que desenvolve 143 (gasolina) e 148 cv (etanol) e 20,2/20,9 kgfm de torque (gasolina/etanol), movimenta bem os 1.375 quilos da picape, inclusive em ladeiras íngremes (sem carga). Não esperte, porém, fôlego com pegada esportiva. A 110 km/h, o giro fica em posição mediana de três mil giros, que seriam bem mais baixos não fosse a caixa de quatro marchas.

Câmbio de quatro marchas fica devendo
A Oroch testada por Ibiá Motores, que chegou ao mercado em junho de 2016, adotou transmissão automática na versão Dynamique. No trânsito urbano, a caixa de quatro marchas até dá conta do recado, mas nas rodovias ela se revela ultrapassada. As trocas são algo lentas. Nem sempre caixa e motor se entendem bem. Devido à relação longa, as mudanças se esticam demais, o que eleva o giro e, consequentemente, os ruídos internos e o consumo de combustível. A Fiat Toro flex — principal concorrente — tem câmbio automático de seis velocidades.

Gol contra: botão Eco fica fora do alcance do motorista; para acioná-lo, é melhor parar o veículo; câmbio de quatro marchas deixa a desejar

Conforme a situação, o sistema demora a reduzir e, às vezes, a aumentar as marchas. A sensação é de que ficam um pouco “presas”. Fica devendo em agilidade. Em ultrapassagens, é preciso pisar fundo para o carro entender que você quer fôlego imediato, mas a reduzida de marcha não é esperta, o que requer mais prudência ao condutor no sentido de ter tempo e espaço suficiente para concluir a manobra em segurança. Pelo menos as trocas são sem suaves, sem socos. Além disso, o condutor tem a opção de trocas manuais, o que ajuda quando se quer explorar todo o potencial de cada marcha. O modelo não possui câmera de ré, que faz bastante falta na hora de manobrar. Poderia vir de série com essa facilidade. Afinal, trata-se de um veículo com 4,70 metros de comprimento. Há apenas sensor sonoro.
No interior, repleto de elementos plásticos rígidos, o espaço não é problema. Cinco adultos viajam sem maiores apertos, mas qualquer bagagem têm de ir na caçamba. O modelo testado não tinha capota, então é preciso ter cuidado com a chuva conforme a carga que se leva.

Duster Oroch Automática. Foto: Rodolfo Buhrer / La Iamgem / Renault

O acabamento não tem sofisticação. Aliás, essa não é a proposta da Duster Oroch, que já ganhou fama de carro robusto, e não de luxo nem ousadia em termos de design, este um predicado da concorrente Toro.
Outro porém diz respeito ao acesso a alguns controles. Caso do botão Eco — que aciona economia de combustível, mas também reduz potência —, situado no console, bem à direita. É melhor você parar o carro para ligá-lo do que tirar a atenção da estrada por alguns preciosos segundos. Na versão anterior da picape, até os comandos dos retrovisores ficavam ali, mas na linha 2017 a Renault corrigiu esse deslize.

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